Introdução.
O plantio de florestas no Brasil, como negócio, data de 1903. Inicialmente, com a espécie eucalyptus, utilizada para produzir dormentes necessárias às estradas de ferro e, anos mais tarde, já em 1947, através da introdução da espécie arbórea pinus, localizada na região do sul do País[1].
As florestas plantadas, seja pelas questões ambientais ou comerciais, evoluíram ao longo do tempo, avançando da monocultura do eucalipto para os sistemas mais complexos e sustentáveis, como são os sistemas agroflorestais e silvipastoris. Entretanto, no Brasil, em razão de aspectos climáticos, predomina o reflorestamento de eucalipto, representado, aproximadamente, 70% da floresta plantada em todo o território[2].
A ideia do presente artigo é descortinar, de forma objetiva, a floresta plantada e os ganhos ambientais para a sociedade.
As florestas plantadas a partir do sistema econômico.
O sistema de reflorestamento, seja no Brasil ou em outros países, nasceu com a missão de suprir a indústria da madeira, de papel e celulose ou para extração de frutos e óleo. A questão da sustentabilidade ambiental, nos primórdios, não figurava como essencial.
Com o desenvolvimento da sociedade e o avanço científico estruturado envolvendo os estudos relacionados com a sustentabilidade do planeta (aquecimento global, crise hídrica, desertificação do solo, escassez de matéria prima e de alimentos), surgiram as florestas plantadas para recuperação ecológica – florestas nativas.
As florestas plantadas de matriz ecológica, paulatinamente, estão sem incorporando ao ambiente de negócios do Brasil, ocupando lugar de destaque, principalmente, nos projetos de recuperação ambiental, sejam decorrentes de licenciamento ambiental ou de recomposição por degradação.
Contudo, sem embargo de ilusão, o reflorestamento ecológico tem avançado, quase que exclusivamente, muito mais em razão da necessidade do sistema econômico e legal do que pelo cuidado com os recursos naturais; pois, enquanto cresce a área com predominância de floresta plantada, a mata nativa sofre com os ataques e se aproxima da extinção.
O sistema econômico, perverso, insensível e desumano por essência, aproveita o melhor dos dois mundos para ganhar dinheiro. Explora economicamente a floresta plantada, fazendo do plantio um negócio lucrativo, sob a batuta da sustentabilidade e, ao mesmo tempo, mantem o lucrativo negócio do desmatamento de mata nativa.
As florestas plantadas e os ganhos ambientais.
Compreendida a lógica do sistema econômico capitalista, quanto a ideia de sustentabilidade através das florestas plantadas, pergunta-se: é possível obter ganhos ambientais com o reflorestamento? De certo, a resposta é positiva, pois, seja em uma floresta plantada com monocultura de eucalipto ou um uma floresta plantada com espécies nativas, há sempre ganho ambiental.
A floresta nativa exerce papel fundamental no meio ambiente pela conservação da biodiversidade e pela garantia do consorcio com espécies comerciais, cujo manejo adequado favorece, ao mesmo tempo, a recuperação de áreas degradas, a fixação do homem no campo e a realização de práticas agrícolas sem conflito legal ou ambiental. Ademais, permite, também, a supressão controlada de espécies arbóreas que são importantes para a indústria madeireira, sem vilipendiar o ecossistema.
Por sua vez, as florestas plantadas com monocultura colaboram com importantes funções sociais, econômicas e ambientais, uma vez que diminuem a pressão sobre as florestas nativas; são implantadas em áreas degradas pela agricultura ou em áreas antropizadas e danificadas pelo homem e realizam o sequestro de carbono.
Enfim, vê-se, que a implementação da floresta plantada gera um efeito ganha-ganha para o meio ambiente. Em ambas as florestas, seja plantada com nativas ou com espécie de monocultura essencialmente comercial, o plantio é sempre importante, desde que cada qual cumpra sua função, com equilíbrio no zoneamento socioeconômico e socioambiental (evitando a predominância de um tipo de floresta); adequação do plantio à legislação e o manejo correto.
A importância das florestas nativas plantadas.
Segundo relatório da FAO (Food and Agriculture Organization of the United Nations)[3], embora a destruição das florestas nativas tenha diminuído nas últimas décadas, o Brasil entre 2010 e 2015 apresentou a maior taxa de perda de mata nativa, cerca de 6,5 milhões de hectares de floresta.
O plantio de florestas nativas, embora não seja uma moeda de troca ou uma permissão para desmatar ecossistemas nativos, tem apresentado tendência de estagnação ou crescimento tímido no Brasil. Os dados indicam a seguinte relação entre floresta nativa e as florestas plantadas[4]:
- 1990:96% de florestas nativas e 4% de florestas plantadas;
- 2005:94% de florestas nativas e 6% de florestas plantadas;
- 2015:93% de florestas nativas e 7% de florestas plantadas.
O plantio de florestas nativas, embora não substituía a floretas nativa, é importante e deve ser preponderante em relação ao plantio de florestas de monocultura. As florestas nativas plantadas, quando viabilizadas, prestam importantes serviços ao ecossistema, agregando os elementos de fauna e de flora típicos da vegetação primária do Brasil.
Conclusão.
Conclui-se, que é necessário preservar os ecossistemas florestais nativos. Porém, que as florestas plantadas, considerando as necessidades do Ser Humano e da sociedade, são essenciais ao meio ambiente e devem ser incentivadas.
Notas e Referências
[1] Disponível em http://www.florestal.gov.br/snif/recursos-florestais/as-florestas-plantadas. Acesso em 07 de jun. de 2018.
[2] Disponível em https://www.ecycle.com.br/component/content/article/63-meio-ambiente/4820-reflorestamento-por-mata-nativa-ou-floresta-plantada-controversias-beneficios-importancia.html. Acesso em 07 de jun. 2018.
[3] Disponível em https://www.ecycle.com.br/component/content/article/63-meio-ambiente/4820-reflorestamento-por-mata-nativa-ou-floresta-plantada-controversias-beneficios-importancia.html. Acesso em 07 de jun. 2018.
[4] Disponível em http://www.fao.org/resources/infographics/infographics-details/en/c/325836/. Acesso em 07 de jun. 2018.
Imagem Ilustrativa do Post: Controle químico da gramínea // Foto de: Tarciso Leão // Sem alterações
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