AMANHECEU NA PRISÃO

26/03/2023

Coluna Direito e Arte / Coordenadora Taysa Matos

Apesar de grandioso, uma grande bola de fogo, o sol nasceu quadrado para quem o vê de dentro da penitenciária.

Poucos são aqueles que usufruindo o que ainda resta do direito ao banho de sol, consegue, sem nenhuma sombra, sentir os raios solares penetrarem a pele, a alma e o globo ocular que já não sabe mais conviver com a claridade.

O sol que nasce pra todos não é o mesmo na prisão. Tem galeria e cela que são mais afetadas pelo calor, outras sofrem com umidade devido a sua ausência. A cela fica com lodo e as roupas demoram pra secar. Uma merda!


O sol queima! Ofusca a visão! O sol serve de pesticida contra todas as doenças epiteliais. Se provoca câncer, pouco importa. A longo prazo na prisão só interessa o término de pena.

Amanheceu na prisão, e o dia inicia com possibilidades de solturas, confirmações de sentenças, progressões de regime, falta disciplinar, remição de pena, trabalho, estudo, ócio, vício, raiva e esperança.

O sol nasceu! Entre nuvens ou a céu aberto, há um novo dia em questão. Talvez, menos um dia em questão!

O amanhecer é assim! É geométrico, instável, incerto. E de todo modo, crucial! Ontem eu jurei a acreditar que o amanhã não existiria. E o sofrimento que me fez pensar assim, não se deu conta da força que em mim há, que percebi ao amanhecer na prisão.

 

 

Imagem Ilustrativa do Post: Imagem 058 // Foto de: Jaquelina Packs // Sem alterações

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