ACERVO DE SENTIMENTOS

16/02/2022

 Coluna Direito e Arte / Coordenadora Taysa Matos

Nós poderíamos iniciar esse texto falando sobre várias possibilidades de compreender processos jurídicos ou políticos para um sentir, ou os fundamentos de uma pedagogia do amor para facilitar a compreensão do direito sobre este. Como nos diz Humberto Grande, o direito e o amor mantém íntimas relações entre si. Aqui não se trata sobre a possibilidade de recuperar sujeitos, e talvez toda essa embriaguez proporcionada por esse mundo bagunçado, ainda assim, isso seja um impulso para continuarmos nos permitindo mais que o necessário.

“O amor segundo Buenos Aires” de Fernando Scheller, tem em cada capítulo, um mapa por onde envereda a história de seus personagens. Na vida real, nós não podemos traçar mapas para cada fase de nossas vidas, não é que nós estejamos impedidos, pelo menos não de forma física, mas nós vivemos ponderando as coisas, sobre o ser, sobre o sentir, sobre o fazer... A gente acaba sempre se questionando no final do dia, pelo que poderíamos ter feito, pelo que poderemos fazer, mas nós sempre esquecemos que nós precisamos fazer mais por nós mesmos. 

Nessas vivências, o amor vai te encontrar nas avenidas do conhecimento. Automaticamente vem o processo de sentir, conhecer, fazer. No entanto, jamais te confundirá do que você pode trazer de contribuição para o mundo, ou para o outro. Há entre nós essa assimetria programada entre sujeitos, porque o sentir também se faz político e divergente, e é natural que por vez ou outra a gente passe a captar os tumultos desses processos e enxergar isso como definitivo.

Se nós não pretendemos sistematizar as coisas no amor, e se a gente cresce em lugares que não nos ensinaram a ser educados nele, se nós nos questionamos de instantes e instantes, estamos tendo sempre uma prática política espontânea, uma sociologia espontânea do direito de sentir, de criar um acervo dentro de nós mesmos. E mesmo que esses sentimentos te embaralhem no final do dia, mesmo que você possa chorar por tanto sentir, é porque você se embriagou, e a ressaca do dia seguinte te trouxe o amor em uma dessas avenidas.

 

 

Notas e Referências

SCHELLER, Fernando. O AMOR SEGUNDO BUENOS AIRES. 1. ed. Brasil: Intrínseca, 2016. p. 1-288.

Grande - Revista da Faculdade de Direito UFPR, 1957

 

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