A VOZ

08/12/2021

Coluna Direito e Arte / Coordenadora Taysa Matos

Ouço a sua voz distante,
mas não consigo entender
o que dizes.
Continuo no caminho
rumo ao cume da montanha.
O vento está levando a sua voz para longe.
Ouço apenas o assobio do vento.
O sol agora esquenta os meus pés.
Paro um pouco debaixo de uma caverna escura.
E revelo um segredo para as pedras
que clamam no deserto.
Elas não sabem voar...
Eu agora estou olhando para o alto
e perguntando para mim mesmo,
como uma criança curiosa:
Por que as águias estão construindo o seu ninho no cume das montanhas?
Elas estão voando calmamente
até atingirem o topo.
Lembro que na cidade eu ouvia o estrondo das bombas,
o horror do sofrimento e
a morte de crianças inocentes.
A guerra entre as nações.
Mas as águias continuam construindo seu ninho no alto das montanhas.
E eu continuo caminhando em direção ao alto.
Tentando ver de perto as águias.
Não tenho iogurte com morango,
só cereais com passas.
O que faz passar minha fome de desejos?
Lá no alto do monte,
onde as águias constroem o seu ninho.
E elas voam calmamente...
Na minha mente um contraste de um triplo som:
de assobio de vento, da pisada dos pés e do barulho das bombas na cidade.

E uma imaginária fusão dos silêncios:
do vôo das águias, da voz que não escuto e daqueles inocentes na batalha.
No entanto, as cidades continuam agitadas, enquanto as águias voam calmamente.
Porque muitos humanos continuam construindo suas casas na planície, na areia ou na rocha firme;
enquanto as águias estão seguras no alto das montanhas.
Contudo eu continuo andando para o alto,
tentando ouvir a sua voz e descobrir a sua ciência.

 

Imagem Ilustrativa do Post: mans face with white scarf // Foto de: Nsey Benajah // Sem alterações

Disponível em: mans face with white scarf photo – Free Anger Image on Unsplash

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