A ÉTICA DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NO CONTEXTO DA PANDEMIA PELO COVID-19

07/05/2020

O conceito de desenvolvimento sustentável foi criado pelo relatório "Nosso Futuro Comum", elaborado pela Comissão "Brundtland" em 1987, sob coordenação da famosa Ministra ambientalista sueca com esse mesmo nome, definindo como  desenvolvimento econômico-social ¨aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem  às suas próprias necessidades".

Como observado, foi, sem dúvida, um conceito profundamente inovador, e que estabelece também uma nova dimensão ética, a "ética da solidariedade como futuro". Assim, inova trazendo expressamente o compromisso com as gerações futuras, e inovando também no campo da teoria econômica, ao impor novos limites e novas obrigações para as empresas e para os consumidores.

Para as empresas, novos padrões seletivos de processos produtivos, responsabilidade ambiental, padrões crescentes de eficiência energética, transparência e segurança para os clientes e consumidores, respeitadas leis e as regras de concorrência, redução do efeito estufa, oferta de produtos verdes ou orgânicos, responsabilidade com a destinação e tratamento dos resíduos da produção, logística reversa, etc.

Para os consumidores, o conceito ético de consumo consciente e responsável, evitando desperdício e consumo excessivo ou predatório, valorizando e dando preferência a produtos duráveis e seguros - "green seals" - fabricados com matérias e fontes energética e não poluidoras do meio ambiente, enfim, introduzindo novas exigências éticas e econômicas , no que pese os reflexos nos custos de produção.

Assim, a ética da sustentabilidade condena qualquer uso predatório ou irresponsável dos recursos naturais ou criados, sob a premissa de que são limitados o espaço físico e os recursos do planeta terra.

Simbolicamente por exemplo, impõe que ao fazermos uma refeição, devemos também pensar e dizer a nos mesmos: "Não, não posso deixar resto de peixe neste prato, pois seria desrespeitar a morte do peixe cometida por minha causa". Valorizar e respeitar a morte do peixe, esta a nova ética.

Esse conceito desenvolvimento busca também não prejudicar os interesses das gerações atuais, a definir as seguintes três grandes desafios  a serem atendidos simultaneamente.

Atendimento das necessidades humanas básicas da população atual de todo o planeta, procurando assegurar qualidade de vida digna, estável, satisfatória, sustentável, bem como o contínuo progresso econômico e cultural;

Respeito à preservação do  meio físico e dos limites da biosfera, quer nas atividades de produção, quer nos atos de individuais de consumo, buscando padrões de eficiência crescentes, poupança e sustentabilidade nos hábitos de consumo, tendo em vista sempre os interesses potenciais e a herança para as gerações futuras;

Respeitar e promover a dignidade humana, desenvolvimento cultural,  integração, a paz e a cooperação entre os individuas e os estados nacionais, tendo em vista estarmos todos num mesmo planeta e sujeitos a um destino comum.

Considera os recursos naturais e o meio ambiente não apenas como meio, mas também como fim em si mesmo, num modelo dialético de respeito, integração e ação recíproca entre homem e a natureza. O homem não mais como a rei da criação, mas como filho e parte da natureza.

Dentro de uma nova modalidade de relação de homem com o meio ambiente, baseada na responsabilidade, na racionalidade, no respeito, no cuidado, na conservação e no relacionamento  recíproco e integrativo entre o homem e o vasto e maravilhoso mundo natural que nos cerca.

Finalizando, certamente, a observância e a aplicação dos imperativos dessa ética global e integrativa homem/natureza, apontaria caminhos mais seguros e minimizaria a dimensão dessa  terrível pandemia COVID-19 que nos surpreende e nos assusta.

 

Imagem Ilustrativa do Post: Folha // Foto de: VanVangelis // Sem alterações

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