Coluna Direito & Rock
“É quase impossível ter a atenção dos alunos em sala de aula hoje em dia. Eles não querem ler, só pensam em face, insta e whatsapp.” Frase de um colega professor do ensino superior, num recente dia qualquer.
Vincent, mais conhecido por Alice Cooper, em School’s out, pode ter razão há mais 20 de anos.
A escola, nesse modelo que a frase do professor representa, acabou. Ela não é párea para competir com esses novos brinquedos. As que existem, ouso dizer, não realizam sua função: basicamente a de agregar conhecimentos, desconstruindo-os quando necessário, para a produção soluções eficazes e contextualizadas.
Well, we got no choice
All the girls and boys
Makin' all that noise
'Cause they found new toys
No âmbito dos processos institucionalizados de produção de conhecimento jurídico no Brasil (refiro-me aqui fundamentalmente à academia) a situação é trágica e se reflete claramente nos demais espaços de produção do Direito, como no Poder Judiciário e nos demais órgãos auxiliares da justiça. Afinal, escrevemos relatório de sentença (já que a lei assim impõe), pesquisamos jurisprudência [sic], comunicamos formalmente atos processuais por meio de mandados impressos, cumprimos esses mandados nos deslocando fisicamente até o destinatário.
Antes disso, quando ainda estamos em processo de formação acadêmica, cremos que o conhecimento válido está na lei e nos livros que dela falam; preferencialmente os impressos! Carregamos vade mecum de vários quilos. Nosso aprendizado baseado em problemas invariavelmente depende de Caio, Tïcio e Mévio. Encaramos o professor como alguém que detém o conhecimento e que o seu dever é transmiti-lo ao aluno, numa necessária relação de atividade do primeiro e passividade do segundo.
Well, we got no class
And we got no principles
And we got no innocence
We can't even think of a word that rhymes
Uma verdadeira falsa consciência jurídica, totalmente descontextualizada da realidade, calcada em best sellers do estilo for dummies fez a escola acabar.
School's out for summer
School's out forever
School's been blown to pieces
Ao mesmo tempo disso, diversos esforços estão sendo empreendidos para a partir desses pedaços construir novas concepções de ensino jurídico, o que prefiro chamar de verdadeiros de modelos de produção de conhecimento jurídico, em que estudantes, não alunos, e educadores, não professores, todos com seus brinquedos, seja novo como um smartphone, seja mais antigo como um vade mecum, cooperativamente e ativamente confrontem a realidade e o seu campo de conhecimento científico em busca de soluções adequadas e inovadoras para o mundo 4.0 – ou da quarta revolução industrial – permeado pela convergência de tecnologias, digitais, físicas e biológicas.
No more pencils
No more books
No more teacher's dirty looks
Apostar no modelo expressado pela frase que abriu este pequeno texto, importa no professado por Alice em 1997:
Out for summer
Until fall
We might not go back at all
School's out forever
School's out for summer
School's out with fever
School's out completely
Afinal, ela, a escola, não é o lugar do conhecimento. Ele, o conhecimento, está na ponta de um dedo.
Imagem Ilustrativa do Post: Project 365 #169: 180609 Somebody PLEASE Pick Up That Phone! // Foto de: Pete // Sem alterações
Disponível em: https://www.flickr.com/photos/comedynose/3638971241
Licença de uso: https://creativecommons.org/licenses/by-sa/1.0/