Elio Antonio de Nebrija (nascido Antonio Martínez de Cala, Lebrija, província de Sevilha, 1444 — Alcalá de Henares, 5 de julho de 1522) foi um humanista e filólogo espanhol, autor da primeira gramática da língua castelhana (1492) e do primeiro dicionário espanhol (1495).
A gramática espanhola de Nebrija é considerada o primeiro texto normativo dessa disciplina para um idioma vulgar como o espanhol, por isso estabeleceu um precedente para escritos posteriores em outros idiomas romances.
Ele também foi um excelente professor de retórica e gramática; pedagogo, historiador, tradutor, teólogo e poeta. Ele exerceu uma influência notável na chegada à Espanha das ideias humanistas italianas que precederam o Renascimento, pelo menos no que diz respeito às cartas.
Elio Antonio Martínez de Cala e Xarava (de acordo com outras fontes, Antonio Martínez de Cala e Hinojosa) nasceu em Lebrija, na época chamada “Nebrissa Veneria” (às vezes transcrita como Nebrija ou Nebrixa), na província de Sevilha, em 1444. Negrija foi o segundo dos cinco filhos de Juan Martínez de Cala e Catalina de Xarava y Ojo. Ambos os pais eram judeus convertidos ao catolicismo. Ele tinha dois irmãos e duas irmãs.
Desde os 15 anos, estudou ciências humanas na Universidade de Salamanca. Já havia se destacado entre seus pares por seus dons intelectuais e tendências às letras. Depois de se formar aos 19 anos, mudou-se para Bolonha, Itália, onde permaneceu por vários anos expandindo sua formação humanística. Lá ele estava imerso em um ambiente intelectual e cultural muito rico, diferente do que vivia na Espanha.
Nesse local, ele cultivou as ideias herdadas de Francesco Petrarca, Giovanni Boccaccio e outros autores. Em Bolonha, a leitura e o ensino dos clássicos da literatura latina e grega foram priorizados.Todos esses princípios o levaram a ver a educação da Espanha como rudimentar ou “bárbara” e, mais tarde, em sua carreira como educador, ele propôs levar esse estilo de treinamento antropocêntrico a seus alunos.
Naquela época, a Espanha ainda estava sujeita à Inquisição, o braço da Igreja Católica que mantinha uma doutrina teocentrista (Deus e religião como tudo), deixando de lado o conhecimento científico. Em Bolonha, graças a uma bolsa de estudos concedida pelo Bispo de Córdoba, ele se matriculou no Colégio Espanhol de San Clemente, onde iniciou seus estudos em 2 de março de 1463. Recebeu aulas de teologia, medicina, geografia, história, matemática, astronomia e direito.
Ele estudou em profundidade as línguas “instruídas”, isto é, latim e grego, que segundo Nebrija, não receberam atenção suficiente nas escolas da Espanha. Ele também leu as obras gramaticais de Diomedes Grammaticus, Elio Donato e Prisciano e estudou hebraico antigo. Mais tarde, continuou fazendo cursos na Universidade de Bolonha, a mais antiga da Itália e uma das mais prestigiadas da Europa. Lá, ele recebeu aulas do estudioso italiano Martino Galeoto, entre outros tutores que contribuíram para sua formação integral.
O RETORNO À ESPANHA
Em 1470, ele retornou à Espanha, especificamente a Sevilha, determinado a transferir ideias humanistas italianas para sua província natal. Em Sevilha, foi designado professor do sobrinho do arcebispo Alonso de Fonseca, iniciando assim sua carreira como educador. Nestes anos, ele adotou o apelido “Elio de Nebrija”, para homenagear sua cidade natal.
Ele também foi tutor de outros jovens sevilhanos, ensinando na capela de Granada, que ficava no pátio dos Naranjos, depois da Catedral de Sevilha. Em 1473, foi nomeado professor da Universidade de Salamanca, onde já foi estudante, assumindo o cargo de presidente da retórica e da gramática. Em suas aulas, ele lutava para ensinar latim para seus alunos.
No mesmo ano de 1473, casou-se com Isabel Solís de Maldonado, com quem teve filhos (seis meninos e uma menina) e, posteriormente, viveu algumas temporadas na Extremadura. Ele teve tantos filhos ilegítimos. Em 1488, ele foi trabalhar com Juan de Zúñiga, que era o mestre da ordem de Alcántara e se tornou seu patrono por sete anos desde então. Durante esse tempo, ele se dedicou a expandir seus estudos e produzir seus escritos mais importantes.
De todas as obras publicadas por Nebrija, nenhuma teve tanta importância quanto à publicação da Gramática de la lengua castellana (1492) na última década do século XV. Para a Asociación Cultural Antonio de Nebrija que mantêm o acervo do Gramático na web,
[l]a novedad de la gramática residía en que nunca antes se había escrito una gramática en una lengua contemporánea. Para los hombres de la Edad Media, sólo el latín y el griego estaban dotados de una grandeza que hacía esas lenguas merecedoras de estudio y análisis, mientras que las "lenguas vulgares" se regían apenas por el gusto de los hablantes, sin necesidad de que éste fuera estudiado ni de que sus reglas se establecieran.
Para Bardari (2013)
Nebrija escreve sua Gramática pensando não só nos que têm de aprender o latim, aos quais indiretamente aconselha primeiro a estudar o castelhano, mas também nos estranhos que não conhecem esse idioma. Por fim, a obra de Nebrija é considerada, para o momento em que ele a escreveu, um modelo de nova técnica educacional.
No ano de 1509, ele voltou a Salamanca novamente, em cuja universidade ele voltou a praticar como professor de retórica. Ao longo de sua carreira neste centro de estudos, ele teve uma série de discordâncias com seus colegas, em parte porque menosprezava os métodos e teorias de ensino ensinados por seus etimologistas, lexicologistas e gramáticos espanhóis contemporâneos.
A partir de 1514, graças à influência do cardeal Francisco Jiménez de Cisneros, ele atuou como professor convidado da cadeira de retórica da Universidade de Alcalá de Henares, em Madri, onde foi amplamente celebrada por seus alunos e colegas.
Ele ocupou esse cargo até sua morte, que ocorreu em 7 de julho de 1522 em Madri, aos 78 anos de idade, como resultado de um derrame.
AS OBRAS DE ANTONIO DE NEBRIJA
Introduções Latinae
Em 1481, enquanto era professor da Universidade de Salamanca, é publicado o Introductiones Latinae, seu primeiro trabalho importante conhecido. É um texto de natureza pedagógica que resume de maneira relativamente simples suas novas técnicas para ensinar latim aos alunos.
Léxico latino-castelano e castelano-latino
Em 1492, Nebrija publicou o dicionário Lexicon latino-castellanum et castellano-latinum. Este livro era uma referência obrigatória na época e por muitos anos depois, tanto para os leitores que desejavam acessar as obras clássicas escritas em latim quanto para os estrangeiros que queriam entender os textos em espanhol.
Gramática espanhola
No mesmo ano, foi publicada a primeira edição de sua gramática castelhana, coincidindo com a chegada ao Novo Mundo das expedições a Cristóvão Colombo. Era um trabalho de difícil aceitação na época de sua publicação, pois possuía um formato inovador e foi a primeira gramática escrita para uma linguagem “vulgar”, assim como o castelhano, que não possuía a mesma aceitação do latim para escrever formal. A data de 1492 foi muito significativa para a Espanha e para a América, pois marcou o surgimento da primeira gramática em língua castelhana, a chegada de Colombo à América, fato que a história proclamou como descobrimento de um novo continente pelos europeus, e a reconquista de Granada pelos Reis Católicos, último reino muçulmano na Espanha.
Vocabulário Espanhol-Latim e Latim-Espanhol
Em 1495, foi publicado o Vocabulário Espanhol-Latim e Latim-Espanhol, que complementava o dicionário acima mencionado. Esses dois textos continham mais de trinta mil termos para o latim-castelhano e vinte mil para o espanhol-latim, sendo obras inéditas para a língua românica.
Bíblia Poliglota Complutense
Mais tarde, ele trabalhou por vários anos como latinoista na realização da Bíblia Poliglota Complutense, uma obra coletiva patrocinada pelo cardeal Cisneros. O resultado de sua colaboração foi publicado em 1516, em uma obra intitulada Tertia Quinquagena, que consiste em uma série de notas explicativas sobre as Escrituras Sagradas.
Regras de ortografia castelhana e outros textos
Em 1517, as regras de ortografia castelhana foram publicadas, um texto que continuava seus estudos de gramática e seu esforço para regular o espanhol. Outros textos e ensaios sobre direito (Lexicon Iurus Civilis), pedagogia (De liberis educan dis), astronomia, arqueologia (Antiguidades da Espanha), numeração, entre outros tópicos de estudo.
O esforço de sua vida foi espalhar o ensino de línguas clássicas e as grandes obras literárias escritas nessas línguas. Ele também se concentrou em esquematizar o conhecimento variado adquirido nos longos anos de aprendizado, deixando assim sua marca na invenção e implementação de um sistema gramatical para o espanhol.
Este impressionante trabalho literário, filha de seu período como estudante na Itália, levou-o a ser considerado um dos maiores humanistas das letras em espanhol. A gramática espanhola está estruturada em cinco livros. O primeiro, composto por dez capítulos, trata de ortografia. O segundo trata da sílaba e da prosódia. O terceiro livro contém dezessete capítulos sobre dicção e etimologia de termos.
A ideia de tornar a língua castelhana algo padrão e homogêneo, disponível a todos, era necessária para que pudesse servir como um instrumento unificador do Império Espanhol. Além disso, buscou-se que o idioma pudesse ser ensinado em regiões estrangeiras, dentro da própria Europa (entre francês, italiano, Navarra, Biscaia …) ou em lugares mais distantes. Além disso, serviu de modelo para gramáticas posteriores, tanto em espanhol quanto em outras línguas românicas.
Notas e Referências
BARDARI, Sérsi. O abc das línguas castelhana e portuguesa: Antonio de Nebrija e Fernão de Oliveira. Disponível em: <http://sersibardari.com.br/?p=998>. Acesso em: 14-11-2021.
Elio Antonio de Nebrija. (S. f.). (N / a): Biografias e vidas, a enciclopédia biográfica online. Recuperado: biografiasyvidas.com
Elio Antonio de Nebrija. (S. f.). (N / a): Centro Virtual de Cervantes. Recuperado: cvc.cervantes.es
Elio Antonio de Nebrija. (S. f.) (N / a): pesquise biografias. Recuperado: buscabiografias.com
NEBRIJA, E. A. de. (1492) Gramática castellana. Madrid: SGEL, 1992.
Quem foi Antonio de Nebrija? (S. f.). (N / a): Kerchak. Recuperado: kerchak.com
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