Coluna Direito e Arte / Coordenadora Taysa Matos
Uma bolsa pesada
E um chinelo de dedo
A calça surrada
Sem presilha no cabelo.
É madrugada
Ônibus cheio ou Carro fretado
Uma bolsa pesada
Parou na fila e deixou lugar marcado.
De pé, com uma bolsa pesada
O dia amanheceu.
Tanto tempo na fila, cansada.
Com pouco dinheiro, nada comeu.
É uma bolsa pesada
Que alguns chamam de Jumbo
Outros chamam de sucata
O guarda diz que é ração pra vagabundo.
Ela caminha em direção a unidade prisional
Tanto tempo, está desesperançada
Sem notícias da Execução Penal
O braço dói, a bolsa está pesada.
Um eterno calvário
Já no pátio de visita, está sentada
O filho é um presidiário
Que recebei uma bolsa pesada.
Alimentos
Comidas e amor
Não quer o filho no sofrimento
Nem lembra o peso da bolsa que carregou.
Acabou a visita
Na mão não tem mais nada
Uma sensação esquisita
Não tem mais a bolsa pesada.
Ela está aliviada
O filho tem o que comer
Recebeu aquela bolsa pesada
Ajuda sozinha e não tem a quem recorrer.
É reconhecida como guerreira
E irmã, mãe, filha, esposa ou namorada
É uma mulher, também prisioneira
Que carregou uma bolsa pesada.
Imagem Ilustrativa do Post: New tote/messenger bag // Foto de: lisaclarke // Sem alterações
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