Coluna Direito e Arte / Coordenadora Taysa Matos
Um dia me perguntaram se eu já tinha cometido algum crime
Respondi que sim, ao que meu interlocutor incrédulo me perguntou: “mas qual crime cometeste?”.
E eu ligeiro respondi: “Escrever!”.
E meu interlocutor: “Como assim escrever!?”.
E eu respondi: Escrever em um reino onde o soberano ama a boçalidade, é um ato revolucionário. E eu escrevo sobre a vida, a morte, a dor a tragédia e talvez até sobre o amo. Em tempos angustiantes e formado por pessoas hipócritas e egoístas, somente o afeto pode ser revolucionário.
Porque pelo afeto as pessoas passam a sorrir, o afeto faz a pessoas se sentirem confortadas em um mundo cada vez mais angustiante e medicalizado.
Pode ser que até um dia eu seja preso e as pessoas passem a perguntar qual crime que eu cometi. Uns dirão que é porque sou comunista — mas na realidade nunca fui —, outros dirão que é por causa de uns ditos “criminosos” que eu defendo — ainda que alguns dos apontadores cometam barbaridades muito maiores —, mas na verdade mesmo o maior crime que eu cometi e que talvez seja digno de me levar à masmorra, é o de tentar ser poeta, porque em um mundo tão vazio é tão sem amor, expressar sentimentos provavelmente é o crime mais grave da história.
Imagem Ilustrativa do Post: Moleskine Smart Notebook // Foto de: Shou-Hui Wang // Sem alterações
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