SUBNOTIFICADO

06/03/2022

Coluna Direito e Arte / Coordenadora Taysa Matos

Onde um corpo se deita não há mais lugar para a esperança,

nem espaço suficiente para a coleção de ontens

lembranças já não servem ao corpo findo,

roupas novas, sapato gasto, gravata apertada,

a rosa, o girassol, o cravo, a margarida

– que serventia têm flores mortas atiradas sobre um corpo que se deita? –

 

Um corpo é só mais um corpo

deitado na solidão perene,

sem saber do dia ou da noite,

a que horas passa a lua céu acima,

ou se águas caem céu abaixo regando a terra.

 

Um corpo é mais um corpo,

entre corpos e mais corpos e outros corpos,

sem dizeres, sem lágrimas, nem lápides,

sem a reza, nem o credo ou o poema derradeiro,

um corpo é mais um nu sem a alma

– a quantas saudades de distância fica a história desse 'mais um' corpo que se deita? –

 

O texto é de responsabilidade exclusiva do autor, não representando, necessariamente, a opinião ou posicionamento do Empório do Direito.

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