Coluna Direito e Arte / Coordenadora Taysa Matos
Onde um corpo se deita não há mais lugar para a esperança,
nem espaço suficiente para a coleção de ontens
lembranças já não servem ao corpo findo,
roupas novas, sapato gasto, gravata apertada,
a rosa, o girassol, o cravo, a margarida
– que serventia têm flores mortas atiradas sobre um corpo que se deita? –
Um corpo é só mais um corpo
deitado na solidão perene,
sem saber do dia ou da noite,
a que horas passa a lua céu acima,
ou se águas caem céu abaixo regando a terra.
Um corpo é mais um corpo,
entre corpos e mais corpos e outros corpos,
sem dizeres, sem lágrimas, nem lápides,
sem a reza, nem o credo ou o poema derradeiro,
um corpo é mais um nu sem a alma
– a quantas saudades de distância fica a história desse 'mais um' corpo que se deita? –
Imagem Ilustrativa do Post: black chair on gray floor photo – Free Barcelona Image on Unsplash // Foto de: Ferran Fusalba Roselló // Sem alterações
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