Coluna Direito e Arte / Coordenadora Taysa Matos
"Minha'lma é formada de lama, de ternura e de melancolia".
(* Vasily V. Rozanov, Esseulement)
Lama, terra inundada de água
por todos os lados, no meio, dentro, fundo, denso.
Lama, do barro seco ao berro ardido,
água que escorre marrom embaçado
cheirando a semente em latente delírio.
Lama, alma em estado desconexo,
do lado oposto ao medo convexo,
no poço sem fundo do precipício,
aguardando o recomeço,
um tempo descascado em devaneios.
Ternura, se a dor te vira do avesso,
nervos expostos em contrassenso,
escondendo a cura do sofrimento.
Ternura, ter nervura entre os ossos,
suportando o peso em dores profundas,
traumas sobreviventes de dramas
– tramas tão indecentes –.
Melancolia, desencanto, tristeza tão funda,
passos desfeitos, respiros, suspiros,
suspeitos assombros de um mundo aos pedaços.
Imagem Ilustrativa do Post: blue smoke // Foto de: Marek Piwnicki // Sem alterações
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