Coluna Direito e Arte / Coordenadora Taysa Matos
O crepúsculo é esticado,
nenhuma estrela cadente atravessará os céus realizando desejos,
não é de desejos que se alimenta o broto,
mas de algo tão mais genuíno e íntegro.
Esquece o desejo,
livra-te dos anseios,
o vento segue sua rota independente dos obstáculos,
a água escorre pelos veios, pelas veias, pelos vãos,
porque sua natureza é seguir o curso.
– Qual é teu curso na natureza? –
Lembra daquela casa antiga na colina,
os pássaros fazendo ninhos, despreocupados,
os frutos sabendo quando é hora de tombar ao solo
para a regeneração da semente.
– Ninguém sabe da vida melhor do que a própria –
Depois do agora um futuro não se sabe quando,
o que é demorado nem sempre se alcança,
na pressa gasta os sapatos apertam.
– Aprende o ritmo da espera, da véspera, da partida,
um passo de cada vez no caminho mais estreito –
O crepúsculo é denso – eu também sei –
nada se desfaz antes da hora,
ergue-te acima do horizonte das incertezas,
e não esqueças da abelha buscando o pólen na flor de laranjeira,
nem da formiga carregando o fardo mais pesado,
ou da cigarra que canta sem descanso,
anunciando um tempo logo ali (ou distante) de felicidade.
Os ciclos se repetem, os homens se repetem, os sonhos se repetem,
nunca estranhes o gole amargo da angústia,
ou a falta de notícias dos outros mundos inteiros,
lá longe nas galáxias.
Não percas a rota,
nem arrebentes a porta!
– Esquece a porta: a saída tem outra chave,
nós um dia já soubemos a senha! –
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