Coluna Direito e Arte / Coordenadora Taysa Matos
Eu sinto saudade
todos os instantes
a cada novo agora
E nesta sucessão de ausências reiteradas
sinto o gosto agridoce que a presença que é presente tem!
Você não está aqui!
O seu par de chinelos não está mais jogado pela casa
sua voz não mais ecoa nos cômodos
seu cheiro está cada vez mais e mais distante, quase já não o sinto
sua mão trêmula não segura mais o copo tão cheio que derrama café sobre o foro da mesa
o seu terço grande, de contas pretas se desfez no ar, como um sopro, como um último suspiro
Eu não ouço mais você respirar!
Nem me deparo o tempo todo com a sua ignorância
para ter com quem brigar.
Meu Pai, a saudade machuca tanto ...
tanto ...
que as vezes só chorar não adianta,
porque tudo que eu queria era poder te (re)ncontrar.
Levanta daí Meu Velho!
Volta, vem fazer a nossa janta
já separei aquele monte de pimentas, como o Senhor gosta
agora só falta o Senhor “socar” bem na hora que a sopa for temperar.
Se o Senhor me disser que realmente vai voltar, eu te peço desesperada de amor:
Me põe na cama para dormir, como quando eu era criança.
Que eu prometo não mais errar nenhuma palavra da Ave Maria e da Salve Rainha,
como o Senhor me ensinava todas as noites, antes de dormir,
eu vou rezar o terço conta por conta com tanta fé que a gente vai ter certeza, a plena convicção de que tudo isso que estamos vivemos agora, toda essa distância, essa separação física, as dimensões diminuídas, essa ausência sufocante, essa “dor que desatina sem doer”, não passam de um faz de conta, de uma “estorinha” estranha e esquisita que inventaram, ou de um sonho ruim, e que acordaremos juntos.
Sim, é isso, eu sei que é!
Amanhã a vida levanta e,
Faz tudo novo, e fantasmagoricamente, retomaremos as rotinas por ora ausentes,
e despertaremos, conscientes da eternidade.
Mas, quanto tempo dura a eternidade?
Acaba logo, passa bem rápido?
Ou se arrasta pela vida, nos lembrando o que é a saudade?
Imagem Ilustrativa do Post: Ausencia // Foto de: Emilia Garassino // Sem alterações
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