(RE)CONHECIMENTO

05/04/2023

Coluna Direito e Arte / Coordenadora Taysa Matos

A morte é um reconhecimento

Nominem como quiserem

Sintam sua alquimia como for necessário e cabível

Chamem de passagem se assim entenderem

E até atribuam a ela um pseudo descanso

Busquem incessantemente, por todos os caminhos que são muitos

só não parem ou desistam sem encontrar o supostamente seja conforto!

 

Para mim ...

A morte:

É um reconhecimento

Perfeito, completo, escuro, integral e frio!

Um reconhecimento de quem realmente somos!

 

Quando a morte quente nos abraça, ela congela não só nossas entranhas,

Mas, também destrói todos os laços afetivos que construímos no “durante”

É assim que a morte se faz em nós,

numa quinta-feira solar que entre sorrisos planejamos o futuro

chega de mansinho e nos surpreende com um golpe abrupto de consciência assimilada

serenamente, ela nos olha nos olhos

e alcança nossa essência

nos lê

nos desnuda

nos decifra

nos encontra ali

entregue(s) e absortos!

É assim que ela

nos define

nos reconecta

nos reconhece

E nos transforma, sem que possamos sentir.

Mentalmente questiono:

O que é mesmo o mundo?

Se não está inconstância tão constante

Essa permanência tão mutável.

A perfeição tão imperfeita.

Quem parte, quem vai, vai para onde?

Desintegra? Se desfaz e some como fumaça? Ou vai pra outro lugar?

Vai para algum lugar, que não sabemos

E talvez seguiremos sem conhecer, ignorantes do que acontece após a morte.

O reconhecimento é latente, verdadeiro, intenso e tem hora certa.

Talvez, seja até um acontecimento único, um aprendizado único e irrepetível!

Reconhecer é voltar

voltar a conhecer o que já se teve acesso e ciência em algum momento

é conhecer o que já sabe, mas agora de outra forma, por outra dimensão

tudo muda

muda o olhar, a percepção, a compreensão, a reação ...

e muda tanto, que muda até mesmo o receptor

que já não conserva em si a mesma essência

muda muito, muda tanto

muda tudo!

Metamorfose através da luz da dor

O sublime, o encantador e o eterno engendraram a desconstrução

E como peças de um “lego” nas mãos da vida somos mais uma vez refeitos

Na respiração ausente, permanecemos vivos

No coração que já parou de bater, seguimos pulsando

O sangue que ainda circula e nos faz movimentar é o filtro e o fruto dos aprendizados que enraizados em nós

E assim que permanecemos ...

Para eternidade, desejo que não!

Mas, na tentativa de

Sobreviver e saber sobre-viver.

 

 

Imagem Ilustrativa do Post: abstract tea // Foto de:  // Sem alterações

Disponível em: https://www.flickr.com/photos/majd192/8456585484

Licença de uso: http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/legalcode

O texto é de responsabilidade exclusiva do autor, não representando, necessariamente, a opinião ou posicionamento do Empório do Direito.

Sugestões de leitura