Coluna Direito e Arte / Coordenadora Taysa Matos
A morte é um reconhecimento
Nominem como quiserem
Sintam sua alquimia como for necessário e cabível
Chamem de passagem se assim entenderem
E até atribuam a ela um pseudo descanso
Busquem incessantemente, por todos os caminhos que são muitos
só não parem ou desistam sem encontrar o supostamente seja conforto!
Para mim ...
A morte:
É um reconhecimento
Perfeito, completo, escuro, integral e frio!
Um reconhecimento de quem realmente somos!
Quando a morte quente nos abraça, ela congela não só nossas entranhas,
Mas, também destrói todos os laços afetivos que construímos no “durante”
É assim que a morte se faz em nós,
numa quinta-feira solar que entre sorrisos planejamos o futuro
chega de mansinho e nos surpreende com um golpe abrupto de consciência assimilada
serenamente, ela nos olha nos olhos
e alcança nossa essência
nos lê
nos desnuda
nos decifra
nos encontra ali
entregue(s) e absortos!
É assim que ela
nos define
nos reconecta
nos reconhece
E nos transforma, sem que possamos sentir.
Mentalmente questiono:
O que é mesmo o mundo?
Se não está inconstância tão constante
Essa permanência tão mutável.
A perfeição tão imperfeita.
Quem parte, quem vai, vai para onde?
Desintegra? Se desfaz e some como fumaça? Ou vai pra outro lugar?
Vai para algum lugar, que não sabemos
E talvez seguiremos sem conhecer, ignorantes do que acontece após a morte.
O reconhecimento é latente, verdadeiro, intenso e tem hora certa.
Talvez, seja até um acontecimento único, um aprendizado único e irrepetível!
Reconhecer é voltar
voltar a conhecer o que já se teve acesso e ciência em algum momento
é conhecer o que já sabe, mas agora de outra forma, por outra dimensão
tudo muda
muda o olhar, a percepção, a compreensão, a reação ...
e muda tanto, que muda até mesmo o receptor
que já não conserva em si a mesma essência
muda muito, muda tanto
muda tudo!
Metamorfose através da luz da dor
O sublime, o encantador e o eterno engendraram a desconstrução
E como peças de um “lego” nas mãos da vida somos mais uma vez refeitos
Na respiração ausente, permanecemos vivos
No coração que já parou de bater, seguimos pulsando
O sangue que ainda circula e nos faz movimentar é o filtro e o fruto dos aprendizados que enraizados em nós
E assim que permanecemos ...
Para eternidade, desejo que não!
Mas, na tentativa de
Sobreviver e saber sobre-viver.
Imagem Ilustrativa do Post: abstract tea // Foto de: Majd Mohabek // Sem alterações
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