Coluna Direito e Arte / Coordenadora Taysa Matos
Teu olhar de pontos
Verdes desfez-se no tempo.
Tua voz de contralto
Não te repete mais
Ideias fixas de ruína
Toc, toc, toc, a sina
Que levaste nos genes
Trazidos pelos mares
Distantes, prisioneira
Foste das promessas jovens,
Sonhos e suspiros em neve
Assados para o amado,
Ciumentamente guardados
Na lata sob a cama. Que
Não usavas, de pé à janela
Olhando a lua, noite inteira.
Teus vestidos belos se foram
Para o asilo das velhinhas,
Os mais novos adornaram
Os vivos da família.
Os que amaste te esqueceram,
E tua morte adolescente tem
Só dezoito anos. Como tinhas
Ao rezar o terço das freiras,
Devota, concentrada. Recusaste
Os abraços da vida, deus
Nos amava e a ti não via.
Do alto do farol eterno
Nos vigias, responsável ainda
Pelas vidas que geraste.
Aquieta-te, o firmamento cede
Para brilhares na distância.
A maldição persiste, batemos
Com chicote molhado nela,
A cada recaída. Puxa teu véu
Sobre o rosto, tule e violetas
Guardam teu perfume.
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