Coluna Direito e Arte / Coordenadora Taysa Matos
Fui criança enternecida,
adolescente sonhadora e intransigente,
escultora de jardins suspensos em Babilônia,
busquei conchas no fundo do mar,
guardei poucos segredos, me devassei por inteiro.
Prendi a borboleta na alma,
e tranquei suas asas na minha ilusão,
percebi a inutilidade da busca,
mas ao mesmo tempo,
desejei ir ao fundo do poço,
só para subir ao pico mais alto,
encostava as mãos suando frio,
nas nuvens e estrelas, então soluçava,
como gotas de orvalho nos gramados febris.
Joguei minha nau em alto mar,
quase segui Sócrates e tomei cicuta,
mas me envenenei ao ouvir duras palavras,
e banhei-me na doçura em licor,
em mel, em fel, enlouqueci.
Perto da fonte entre juízo e loucura,
libertei a borboleta dona da alma,
aprisionada, obstinada,
e a deixei mendigar, como libertina,
e vadia, sem valor, pouco valor,
em valor algum, mas aprendeu a voar.
Cresci como poeta,
Briguei com meus lados opostos,
mas me fiz uno, universal,
busquei tesouros nos navios naufragados,
e quase me esqueço em mim.
Me enriqueci então como ser humano,
humanamente sou feliz,
porém delirei com leitos desarrumados,
nos romances das madrugadas, tão sonhados,
me perdi.....
Alucinada substitui a dor por canto de amor,
tentei montar o quebra-cabeça,
e nas peças desencontradas e picotadas,
encontro forças para continuar e caminhar...
Imagem Ilustrativa do Post: 357/365 // Foto de: Giovanna Faustini // Sem alterações
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