“Aventura com o uniforme dos milicos, por favor! Golpe de Estado, por favor! Este filme já vimos muitas vezes na América Latina. Esta democracia não é perfeita, porque nós não somos perfeitos. Mas temos que defendê-la”. (Pepe Mujica)
David Runciman, professor de política na Universidade de Cambridge - em seu livro “Como a democracia chega ao fim” (Título original: How Democracy Ends) – observa que: “Quando uma democracia fracassa, geralmente esperamos por um fracasso espetacular. É um acontecimento público, tão bem conhecido na história moderna que já adquiriu todo um cerimonial próprio. A democracia já morreu muitas vezes em todo o mundo. Sabemos como isso ocorre (...)”
A grande questão do século XXI, para Runciman, “é saber por quanto tempo poderemos manter os arranjos institucionais em que estamos tão habituados a confiar, a ponto de nem notar mais quando param de dar resultado. As eleições regulares são um desses arranjos e continuam a ser o grande alicerce da política democrática. Mas também envolvem corpos legislativos democráticos, tribunais independentes e uma imprensa livre. Todos eles podem continuar a funcionar da maneira habitual, mas sem nos proporcionar o que deviam garantir”.
Assim, dentro de uma suposta normalidade democrática, não percebemos – ou não queremos perceber - que a democracia pode estar entrando em falência mesmo permanecendo de certo modo intacta.
Neste diapasão é certo, e a história confirma, que muitos ditadores se valeram do jogo democrático para derrubar a própria democracia. Não foram poucos os ditadores que ascenderam ao poder através do voto.
É certo também que ditaduras já se instalaram justificadas pelos mais variados e esdrúxulos motivos: em nome de “Deus”; em nome da “tradicional família”; pela “Pátria”; pela ameaça “comunista” e, notadamente, em nome do fantasmagórico combate a corrupção.
Não, definitivamente não. Nada, absolutamente nada, justifica a ditadura ou qualquer “movimento” – se assim preferem chamar – que leve a democracia a falência. Ditadura, necessário repetirmos, que pode se instalar com as instituições “funcionando normalmente”.
Não podemos nos olvidar que muitas instituições e pessoas que apoiaram no Brasil o golpe militar de 1964 - que resultou em uma ditadura que durou 21 anos - somente recentemente reconheceram o grave erro e pediram desculpas. Desculpas que não apagaram as marcas indeléveis deixadas pelas torturas. Desculpas que não devolveram às mães os filhos desaparecidos. Desculpas que não ressuscitaram os que foram sumariamente assassinados pelo regime militar.
É preciso estarmos sempre atentos e vigilantes em relação a democracia. Muitas vezes, a ditatura chega “envergonhada” para aos poucos se escancarar e colocar em prática medidas extremas como o fechamento do Congresso, suspensão do habeas corpus e a pratica da tortura como política de Estado.
Por tudo, principalmente pela sobrevivência da democracia, é urgente e necessário que todos – no próximo domingo (28) – estejam conscientes de que somente um dos candidatos respeita as instituições democráticas, os direitos humanos e as garantias constitucionais. Esse candidato, gostem ou não, é Fernando Haddad.
Imagem Ilustrativa do Post: Avenida Paulista // Foto de: Marina Avila // Sem alterações
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