Coluna Direito e Arte / Coordenadora Taysa Matos
O relógio marca... Já possuí do dia a metade.
Exausta, paro no sinal.
Já não tenho pressa...
Já não somos mais...
O tempo se arrasta por meu corpo inerte e me arranca um pedaço, uma imensidão, uma floresta.
Lembranças suas me arrebatam, me perdi nos dias em que os Olhos da Pedra saltaram para ver o laço negro de nossos corpos ébrios de amar.
Já não estou aqui...
Aos pés de generosas montanhas, olhos atentos acusam beijos suplicantes.
Lábios pretos me passeiam, meu colo maduro te recebe como realeza que és e te acolho não em meu corpo, mas em minha alma.
Gemidos, sussurros...
Ronrono seu nome bem baixinho quase sem voz.
Me cravo em tuas costas , tuas curvas, arranco pedaços de ti.
Lábios, boca, língua tudo é meia luz explorando meu corpo, lágrimas escorrem...
Abrigo-te em meu ventre e digo:
- Quem me dera gerar um filho teu!
Você, menina, apenas sorri...
Surpreende-me, me toma entre dedos, suas mãos me dizem coisas que ainda não sei sobre mim e arrancam segredos, gemidos, delírios...
Despe-me de tudo que acredito e brinca de amar e eu já não sei se é mentira ou verdade
Já não sei se é real...
Não me basto, um rio de água doce flui de mim, banha correnteza entre minhas pernas, carícias mergulham em meus montes...
Seu tempo generoso me bebe e se embriaga, veleja macia e preta em minhas águas, não me caibo, já não tolero quaisquer das barreiras que o mundo e o tempo nos impôs , me arranca em prazer e lágrimas, o suspiro, o gemido, a alma.
Imagem Ilustrativa do Post: Texas State Capitol, Austin // Foto de: hampusklarin // Sem alterações
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