Coluna Direito e Arte / Coordenadora Taysa Matos
Doeu
Quando vi que a justiça é cega.
Mas, a injustiça estampava
Naqueles rostos em que a desigualdade social falava
Doeu
Porque se estava eu sem dormir bem por uns dias
Para réu, há mais de um ano, dias e noites se confundiam
O pior de seus dias:
Dormir no chão de uma prisão
Doeu
Porque ali Também havia misoginia
E ver uma testemunha mulher
Ser desqualificada por ser amante dói
(Um homem nunca seria desacreditado em razão daquela situação)
Doeu
Por saber que jamais ouviria sobre meu filho
O que aquela pobre faxineira ouviu da acusação:
- carteira de trabalho assinada com bandido na profissão
Em um país com tanto desemprego
A ausência de vínculos empregatícios já dizia muito sobre aquele caso
E não tinha nada a ver com tal aquela rotulação.
Doeu
Porque uma votação de 4 X 3 dói na alma
Faz a gente sentir na pele
Que que o in dúbio pro réu é uma falácia.
Doeu porque o meu privilégio também dói.
E dói mais ainda reconhecer a impotência da defesa
Diante do Direito Penal da Opressão
Imagem Ilustrativa do Post: We’re impossibly flawed animals, aren’t we? // Foto de: Stacie DaPonte // Sem alterações
Disponível em: https://www.flickr.com/photos/sdaponte/6154040703/
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