Nesta oportunidade, coloco, em minha coluna do Site Empório do Direito, um texto que gostaria de ter escrito. Entretanto, redigi o título supra...
Na verdade, quem o escreveu foi o jornalista MIGUEL RIOS, da Universidade Federal de Pernambuco. Preciso !!!
“O jornalismo tinha a obrigação de avisar ao eleitor que o voto em Bolsonaro era um voto na milícia. Que a vida pública de Bolsonaro era inútil, que se resumia a discurso violentos, preconceituosos e reacionários. Que era o fascismo quebrando a casca do ovo.
Mas o jornalismo corporativo preferiu turvar a vista do eleitor e chamar esse voto de democrático, ignorando as fake news, a manipulação eleitoral, a real face de quem apertava 17. Preferiu incentivar a ideia de que era uma escolha muito difícil entre Haddad e Bolsonaro. Que eram dois extremos perigosos, pois colocou no mesmo patamar de ameaça um projeto de ampliar direitos e garantias à população a um justamente contrário.
A grande mídia abraçou o projeto bolsonarista por ser o armamento mais pesado contra o PT e a esquerda. E carregou a arma, mesmo que fazendo de conta que não.
Foi um projeto que nasceu desde Aécio propor impeachment. A grande mídia comprou a ideia e a levou às últimas consequências.
Viu as passeatas verde-amarelas pregarem “intervenção militar”, “volta da ditadura”, “menos Marx e mais Mises”, “Abaixo Paulo Freire” e outras sandices. E as apoiou.
Viu o golpe ser dado em cima de Dilma, armado pela pior escória política desse país: bancadas da bala, do boi e da Bíblia. E o divulgou como justo.
Viu Bolsonaro, na hora de seu voto contra Dilma, exaltar torturador. E não enxergou nada demais.
Viu o julgamento de Lula ocorrer na velocidade da luz para prendê-lo a tempo de não concorrer à presidência da República, com todas as falhas processuais apontadas. E o apoiou.
Viu o Moro passar de juiz a ministro da Justiça como premiação. E considerou mérito.
Viu Bolsonaro discursar na posse, na ONU, apresentando como missão de governo combater ideologia de gênero, doutrinação comunista e politicamente correto. E achou excêntrico.
Viu um governo sem projeto de país, sem competência, sem noção, sem coisa alguma detonar as instituições, agredir minorias, a gritar asneiras e bravatas, em total subserviência aos EUA, desprezando o conhecimento, a ciência, o estudo, negando a gravidade de uma pandemia. E permaneceu quieta.
Afinal, corriam a gosto as reformas neoliberais. Trabalhadores com menos direitos. Patrões em festa. As famílias proprietárias da imprensa felizes.
Até que a fera se mostrou feroz até contra a grande mídia. Tarde demais para ter um acesso de dignidade, ética e respeito ao juramento que foi feito quando receberam o diploma de jornalistas.
Agora está a polícia na porta intimando a depor, intimidando o trabalho investigativo do jornalismo. Está aí o cerceamento à liberdade de expressão. O Estado aparelhado para constranger e, quem sabe, prender jornalista por divulgar assuntos de interesse público.
Talvez seja tarde demais para remorso, para “mea culpa”.
O liberal sempre flerta com o fascismo, mesmo fazendo joguinho de difícil. Sempre acha que o fascismo é o cão de guarda de seus bens, porque o fascismo defende a riqueza para poucos e privilegiados. Mas o fascismo não gosta de liberdade, muito menos que da liberdade de crítica. É de uma prepotência beligerante e altamente reativa.
O cão de guarda da mansão mostrou-se não domesticado. Passou a morder quem se considerava seu dono. Chama-se fascismo. Mesmo que com tempero tropical e com um nome adaptado: bolsonarismo.
Não se cala diante dele, não se deve minimizá-lo, nem passar pano, nem chamá-lo para conciliação.
Não se confia nele. Não se doma. Não é um mero pensamento diferente. Chama-se fascismo.”
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