O futuro da saúde suplementar

21/10/2019

Questão importante é saber como será o futuro do sistema de Saúde Suplementar no Brasil.

Isto é relevante porque tal setor tutela quase ¼ da população brasileira e destina ao país, em serviços e produtos, mais verba que o próprio SUS.

Neste contexto, é previsível que todo cidadão tenha o desejo de manter um vínculo com um plano de saúde.

Contudo, em razão do alto custo dos tratamentos, a sustentabilidade passou a ser uma preocupação para os gestores de operadoras de plano de saúde.

Neste sentido, o modelo de medicina e de prestação de serviços vigentes nas últimas décadas preconizou uma explosão de atividades sem o devido controle. O cenário demonstrou alguns pontos, tais como: cultura do pronto-socorro, valorização do especialista em detrimento do generalista, consumerismo, ausência de integração do cuidado, foco em serviços, medicalização, etc.

A proposta de adoção de um modelo de saúde baseado em valor permite projetar novas dimensões: sobrevida e longo prazo, reinserção social, uso racional das tecnologias, modelo baseado no impacto de saúde das populações, busca da qualidade, segurança e experiência do paciente e, principalmente, foco no desfecho clínico.

A Itália, por exemplo, é um dos países com população mais longeva do mundo e que também possui um sistema universal de saúde pública. Contudo, não consegue atualmente atender todas as demandas da sociedade. Ricciardi[1] assenta que manter um vínculo com algum plano privado é uma dos grandes pontos para vencer a batalha pela saúde, pois é altamente improvável que o sistema sanitário nacional italiano tenha condições de tutelar todas as pessoas, em razão do aumento da expectativa de vida[2].

A saúde do futuro envolve incerteza, alto custo, inteligência artificial, medicina de precisão. Tudo isso precisa ser observado e compreendido de modo a trazer melhorias para as pessoas e possibilidade de concretização com sustentabilidade, sem prejudicar o pacto intergeracional (que tutela as presentes e próximas gerações).

 

Notas e Referências

[1]RICCIARDI, Walter. La battaglia per la salute. Editori Laterza: Bari, 2019, fls. 68/69.

[2] RICCIARDI, Walter. La battaglia per la salute. Editori Laterza: Bari, 2019, fl. 69.

 

Imagem Ilustrativa do Post: Junta de Andalucía // Foto de: Farmacia hospitalaria // Sem alterações

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