O fim dos planos de saúde: não é uma opinião. É uma constatação. Basta olhar os relatórios trimestrais do painel econômico-financeiro da Agência Nacional de Saúde Suplementar – ANS[1].
A análise dos aludidos relatórios (trimestrais) demonstra que há operadoras que lucram com o seu negócio[2]. Contudo, é alto o número de operadoras que atuam no prejuízo – por vários trimestres seguidos[3].
Algumas razões que levaram ao atual cenário:
- problemas de gestão;
- envelhecimento da população;
- alto preço das novas tecnologias;
- judicialização;
- ampliação do acesso (TEA, oncológicos, etc);
- distanciamento do SUS;
Além disso, considerando o cenário de reajuste de preços, dificilmente o consumidor terá capacidade financeira de custeio dos planos de saúde.
Assim, algumas medidas podem ser adotadas para evitar o fim dos planos de saúde, tais como:
- qualificação da gestão;
- segurança jurídica;
- regulação equilibrada;
- judicialização equilibrada;
- maior interação entre SUS e saúde suplementar;
- definição objetiva da natureza jurídica do rol da ANS;
- preservação do impacto atuarial;
- adequada análise econômico-financeira das novas tecnologias;
- adequada análise de evidências científicas das novas tecnologias;
- novas estratégias de pagamento (como o compartilhamento de risco);
- ampliação da base de financiamento;
- novas estratégias de precificação de tecnologias em saúde;
- novas estratégias de negociação com a indústria farmacêutica.
Portanto, a sociedade brasileira precisa refletir sobre a questão, a fim de encontrar alguma maneira de manter a higidez dos negócios na saúde suplementar[4].
A sustentabilidade é importante não apenas para as operadoras de plano de saúde, mas para os próprios usuários e consumidores. Sem sustentabilidade haverá redução do acesso aos serviços e produtos em saúde, em grave prejuízo à população.
Notas e referências
[1] BRASIL. Agência Nacional de Saúde Suplementar. Painel econômico-financeiro. Disponível em: https://www.gov.br/ans/pt-br/assuntos/noticias/numeros-do-setor/ans-divulga-dados-economico-financeiros-relativos-ao-3o-trimestre-de-2023. Acesso em: 23 Mar. 2024.
[2] Importante anotar que o tal lucro geralmente é apenas financeiro – decorrente de investimentos – e não operacional.
[3] BRASIL. Agência Nacional de Saúde Suplementar. Painel econômico-financeiro. Disponível em: https://app.powerbi.com/view?r=eyJrIjoiMjM4YTYyMDEtMmRjMS00NWFhLWFkMTEtMDk0YmMzZTk2YzZkIiwidCI6IjlkYmE0ODBjLTRmYTctNDJmNC1iYmEzLTBmYjEzNzVmYmU1ZiJ9. Acesso em: 23 Mar. 2024.
[4] TORO DA SILVA, José Luiz. É preciso repensar os planos de saúde. Conjur, 21 Jan 2024. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2024-jan-21/e-preciso-repensar-os-planos-de-saude/. Acesso em: 24 Mar. 2024.
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