Não entendo como alguém possa assumir publicamente a condição de conservador. Jovem conservador então é algo impensável!!! O jovem deve buscar o novo e ele se caracteriza por uma grande dose de rebeldia em relação a alguns valores das gerações passadas.
Todos sabem que a história não tem fim. A sociedade é dinâmica e mutável por excelência. Foi diferente no passado e será diferente no futuro, independentemente da nossa vontade. Os costumes são “históricos” e variam no tempo e no espaço.
A moda é um exemplo de que, na sociedade humana, nada fica eternamente estático e tudo se altera dialeticamente, ainda que muito vinculado à base material, que tem sua evolução dificultada pela classe dominante. As relações econômicas estimulam comportamentos e consumos para atender aos interesses do capital.
Desta forma, os conservadores se transformam em verdadeiros reacionários, pois reagem sistematicamente às mudanças sociais e objetivam preservar relações obsoletas que somente faziam sentido no passado, diante de outras realidades econômicas e sociais.
O conservador deseja eternizar o passado e estagnar o curso da história.
No conservadorismo, há uma grande dose de ignorância e ingenuidade. Muitos são mero oportunistas e estão de má-fé.
Não por outro motivo, podemos dizer que tudo que se apresenta como fruto de um sistema de normas é conservador e precisa ser revisitado constantemente. As normas são concebidas em determinado momento social e logo ficam envelhecidas pela dinâmica das sociedades, conforme acima sustentado.
O Direito é um exemplo disso. Por este motivo, o legislador precisa modernizá-lo constantemente e o aplicador precisa constantemente atualizá-lo, através de uma interpretação que atenda aos seus fins sociais.
O maior problema está nas religiões, resultantes de regras antiquíssimas e compostas de dogmas e “mistérios” afirmados em tempos de há muito ultrapassados. Este é um dos motivos por que todas as religiões colocam a mulher em um plano inferior, pois todas as suas regras ou normas foram concebidas e divulgadas por homens e refletiam os valores daquelas sociedades antigas e medievais.
As “regras” religiosas espelham os costumes de uma sociedade antiga, hoje ultrapassada e obsoleta.
Destarte, as religiões serão sempre um grande obstáculo às necessárias evoluções sociais e, por vezes, dificultam mesmo o desenvolvimento do conhecimento científico, como demonstrado por inúmeros eventos históricos.
Uma “estratégia” para não ficarmos seduzidos pelo passado, seduzidos pelo ultrapassado, o melhor é aceitar o novo como bom até prova em contrário. O socialmente novo deve ser presumido como bom, embora seja uma presunção relativa, pois devemos ser críticos com os “modismos” tão presentes nos momentos atuais.
É sabido que o novo cria uma certa insegurança e as pessoas se sentem desestabilizadas pelas constantes mudanças que ocorrem em sociedade. Entretanto, também é sabido que o velho nos aprisiona e nos leva ao imobilismo, castrando nossa criatividade e favorece a formação de um verdadeiro “sistema de preconceitos”.
Quase sempre o conservador é uma pessoa ressentida e avessa à cultura e ao conhecimento científico.
Por tudo isso, tenho certo desprezo pelo conservador assumido e grande desconsideração pelo reacionário. Ambos se colocam na “contramão” da história e são prejudiciais ao nosso lento processo civilizatório.
Precisamos de consciências críticas e não de consciências ingênuas ou dolosas. O obscurantismo e a ignorância são males sociais que devem ser combatidos permanentemente.
Em conclusão: o conservador deveria se envergonhar pois, ou ele é um ingênuo ignorante, ou ele é um grande “depósito” de preconceitos e de valores deletérios. Ele sofre com a felicidade alheia e é, muitas vezes, uma pessoa amarga.
Finalizo convocando o leitor a assistir ao vídeo, cujo link forneço agora. Nele, a saudosa Mercedes Sosa interpreta estimulante música, cuja letra tem tudo a ver com este nosso texto.
https://www.youtube.com/watch?v=SJ9klrcXRVI
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