O Estado surge, na curta história conhecida da humanidade, como um atraente indicador universal de soluções que os homens já possuem, mas, não conseguem instrumentalizá-las para que, assim, tornem-se úteis para os próprios homens.
O homem partícipe do Estado, na sua condição de cidadão, em variados momentos, tem com o seu ´Pastor Estatal´ uma relação análoga àquela entre o ´Grilo Falante´ e o ´Boneco de Madeira´ que sonha ser menino (garoto que deseja ser ´real´, a partir de um ´ideal´, próprio dos desejos humanos).
Da mesma forma, nosso herói cidadão e sua criatura Estado interagem em um ambiente fantástico de desafios e objetivos fundamentais, buscados e perseguidos com perseverança e determinação, tal como a ´Garota Perdida de Sapatos de Rubi ´ e seu intrépido ´Totó´, na procura de um lugar tão bom como seu lar.
Nessas relações entrelaçadas, o ´cidadão Boneco de Madeira´ mente para si e para os seus com o objetivo de encurtar seus caminhos de desenvolvimento. Naturalmente, tais mentiras trazem consequências negativas para o nosso personagem e para todos aqueles com quem interage.
Destarte, mesmo que o cidadão de nariz longo alcance algum efêmero desenvolvimento pontual, o atraso no desenvolvimento intersubjetivo que realiza quando busca atalhos contrários ao bem comum é nefasto para Estado.
Tal como a ´Garota de Sapatos de Rubi´ que, ao procurar respostas sobre o seu perquirido mundo melhor, teima em desviar do caminho de ladrilhos dourados que a levaria ao encontro almejado, consigo mesma e com as realizações fruto do seu esforço pessoal de superação dos desafios que enfrentou durante a trajetória de apoio aos que não têm coração (Homens de Lata), aos que não têm cérebro (Espantalhos) e aos desprovidos de coragem (Leões), o cidadão procura no Estado soluções de um ´Estado Perdido´.
Porém, a permanente descoberta – e redescobertas – do ´Mágico Estado Charlatão´ insiste em frustrar o cidadão que se realiza em felicidades fragmentadas de realizações de desenvolvimento, muitas vezes, intersubjetivo, noutras vezes, egoístas – mas, com tempero de solidariedade, por simples reconhecimento de oposição do outro, no reconhecimento de si próprio com um ser que se encontra feliz.
E fazer feliz, em último termo da nossa atual realidade, está sob a responsabilidade do mentor Estado.
Mas, como um Estado infeliz, vazio, faz um cidadão feliz, preenchido?
Mesmo em conta de todos os avisos, alertas e regulações ativas, negativas e pró ativas desenvolvidas pelo Estado, o que impede o ´cidadão de madeira´ de se prejudicar e causar prejuízos é a lição de que, sim, esse mesmo cidadão é capaz de tornar sua vida, e dos seus, melhor.
E assim pode agir, de forma legítima, e com o prêmio maior de aceitar que seu esforço de percorrer os caminhos adequados vale mais do que a derrota primária de buscar atalhos que contrariam o sistema que o próprio cidadão criou para o seu sucesso, como responsável por gerações melhores a cada oportunidade de criação que a natureza lhe concede.
Esse caminho, o legítimo, obviamente, é o que todos sabem que ligam o ponto de partida ao ponto de chegada.
Difícil é saber, no entanto, onde estão tais pontos exatamente.
O que é a largada do universo de desenvolvimento do homem?
Onde está a chegada desse desenvolvimento?
Devemos caminhar no trilho dos ladrilhos dourados e, efetivamente, superar a subjetividade que supostamente atrapalha a nossa caminhada, caracterizada pelos nossos medos, sentimentos e ignorâncias?
Para onde o Totó nos leva?
Questões que deverão ser respondidas durante o percurso da vida, sem dúvida, pois é a partir de suas aventuras que o homem se sente em desenvolvimento e feliz para nutrir um Estado eficiente, eficaz e efetivo frente aos seus objetivos constitucionais.
Para tanto, devemos estar atentos aos adventos das novas tecnologias que ajudam o boneco de madeira a aprimorar seus mecanismos decisórios (ou pioram?).
De igual forma, faz-se necessário o aprimoramento de técnicas de controle de tais tecnologias, pois representam a era da multi-informação que tomou conta do espaço interativo humano atualmente conhecido.
Isso porque, quanto mais informação, mais opções e, assim, maiores possibilidades de mentir (como o Pinóquio) e de escolher caminhos equivocados (tal como Doroty).
Logo, na era de exponencial atualização tecnológica, o cidadão precisará criar novas habilidades para se manter vivo e em evolução. Dentre elas, está a capacidade de dialogar com a ´Inteligência Artificial´ ao ponto de não permitir que tais tecnologia tornem o homem, por si, obsoleto.
Para tanto, dentre tantas frentes a melhorar, sem dúvidas, o quesito tolerância deverá ser uma das principais preocupações do nosso ´homem de madeira no mundo digital´.
Entretanto, como é sabido, de forma geral, o homem é intolerante por natureza. E os intolerantes duram pouco.
Assim, cabe a nós a provocação de reflexões, estudos e pesquisas para que o homem cidadão sobreviva, pois, certamente sua extinção não virá da natureza externa, mas, sim, da sua própria condição de não aceitação de ser limitado, finito e falível.
Ou seja, ao buscar a superação de poderes ilimitados, tempo infinito e de atitudes perfeitas, quando tal objetivo for atingido, a despedida será inevitável.
Adeus ao homem, bem vindo o ´boneco digital´.
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