NOTA TELEGRÁFICA 9

05/07/2020

Coluna Direito e Arte / Coordenadora Taysa Matos


você precisa tocar com os beatles no terraço. deixar voar junto dos monges sua alma. não fique assim tão quieto. haverá um dia em que suas cores irão luzir. veja que o verbo não se encerra na palavra. há um não dito. há um por vir. talvez você deva cruzar o cerrado. saiba que lá tem um céu mais azul que os sonhos lisérgicos de 68 quando você voltava de sua road blue. havia sonhos nas rodas. um dia ainda verás que o sertão é uma coisa que carregamos no coração. ele há de vir. deixe. entregue suas mãos. não lute. ouça mais uma vez e tantas as gaitas do Bob Dylan. não há motivos para não chegar ao céu. seus pés são como asas. me conte seu sonho. eu posso telegrafar pra lá. uma manhã dessas é como um dia escorrendo para dentro do outono. não espere. empunhe seu corpo ante o impossível. lance suas orações ao altar do coração das pessoas que você ama. não vá embora. perca o horário. não anda bem quem mede nos ponteiros a direção do amor. não quero falar de amor. ontem vimos estrelas caindo do céu. essa é uma nota telegráfica para amanhã. não espere amanhã. você talvez nem devesse ler essa nota. talvez seja apenas mais uma canção que me faz chorar. imagina se ouvíssemos Tom Jobim no café da manhã. imagina se um dia voássemos pelo deserto dos the doors. imagina os olhos azuis do Chico. imagina a Bahia. Caetano e Adriana Calcanhoto. imagina que isso são apenas rastros da mesma manhã repetida tantas vezes ao som da novidade. o amor é surpreendente. ao repetir. fica novo. e ainda nem são 06h da manhã aqui. “amanheceu é hora de dormir.” durante a madrugada houve um concerto a céu aberto. você precisa chegar ao terraço de si…

 

Imagem Ilustrativa do Post: Try Poetry // Foto de: Michael Chen // Sem alterações

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