Coluna Direito e Arte / Coordenadora Taysa Matos
remeto nessa garrafa as mais insinuantes vozes já lançadas. parece que o outono não está nada sutil. não acha? veja que lá naquela ilha faz outra estação. e é divertido pensar que enquanto as folhas secam aqui. por lá. bom. não me quero alongar. hoje encontrei um pano que parece com a seda do lenço de Bob Dylan. que tem aquela mesma sensação que sentimos quando tocamos o amor. é seda. não esquenta. não esfria. esquenta e esfria. enquanto isso a garrafa segue nesta highway. é bem sinuosa a ventura de te ver. você já foi azul. amarela. mel. e agora se apresenta em pleno estado de transição. entre um gole e outro escuto um pássaro preto. sabe o quanto de Belchior tem um Bob Dylan né. uma beatle song. falamos sobre isso lá em Sobral. e nunca mais atravessamos o deserto sem deixar cair no chão a estrela. aquela que um dia comprei. voltando daquela viagem ao Nepal. nada de pontos finais por essas bandas. queria que a garrafa terminasse antes desse convite chegar. mas quando me encontrar. não esqueça que estou à espera de um milagre. e sempre eles vem. despidos de pompa. no mesmo tom que toquei para si aquela velhíssima música que não se canta mais. um velho que morava em uma ilha me disse que não era bom viver olhando pra trás. nem olhando pra si. senão. a gente corre o risco de não se ver. espero naquela estação que nunca combinamos. não há problema. é preciso não estar para que isso de amor tenha lugar. eu não vou te esperar. para que tenha o amor. aqui o seu lugar. não há cidade que baste para essa fuga...
Imagem Ilustrativa do Post: Try Poetry // Foto de: Michael Chen // Sem alterações
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