Nossos corpos

27/03/2019

Coluna Direito e Arte / Coordenadora Taysa Matos

As correntes são inatas ao corpo da mulher.

Foram colocadas pela família, pela sociedade e, porque não dizer, pelo Estado. 

Elas nos acompanham desde o parto. Nos colocaram padrões e definiram nosso destino.

Quando crianças questionamos o porquê de estarem ali entrelaçadas em nossos corpos.

Porque não podíamos brincar livremente? Falar muito? Questionar?

E, porque não podíamos ser por inteiro?

Enquanto elas estavam ali trazendo dor e sufocamento, houve choro raiva, houve rebeldia, houve resistência!

Mal sabíamos que elas seriam nossas companheiras por um longo período.

Mas, a partida se fez, e ainda se faz necessária... para outros horizontes, e, para a construção de outros mundos.

Cada lágrima, cada grito de dor, cada transgressão foram rompendo lentamente as amarras.

Se elas saíram de nossos corpos?! Não sei... provavelmente insistam em continuar ...

Mas a sensação de pertencimento começou a se fazer presente. Eu não sou a única, entre tantas que são transgressoras da mesma norma, somos muitas! E podemos desacorrentar tantas outras!

O mundo tanto temido nada mais era do que o mundo que tanto nos temia. Nossa voz hoje ecoa nos calabouços de cabeças vazias.

Essa voz se intensifica, movimenta, barbariza e vira revolução!

Podem tentar nos acorrentar, mas vamos responder com luta, garra, resistência e afeto.

As correntes são inatas ao corpo da mulher, mas não é por acaso que insistem em entrelaçar nossos corpos. 

Sempre tentaram/tentam nos aprisionar, mas agora as correntes se quebram, uma a uma, porque juntas somos mais fortes!

Meu corpo é político e toda dor é um manifesto.

 

 

 

Feminismos, Artes e Direitos das Humanas

O texto é de responsabilidade exclusiva do autor, não representando, necessariamente, a opinião ou posicionamento do Empório do Direito.

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