Coluna Direito e Arte / Coordenadora Taysa Matos
Tudo é feito da mesma semente - e a gente, tão displicente, nem sente... O vento que balança o galho, o galho que suporta tanto a leveza da folha quanto o peso do fruto, o fruto que guarda a semente, a semente que leva consigo a força do galho, a leveza da folha e o peso do fruto...
Tudo é sempre tão indecente - e a gente, indiferente, nem sente... A gente, que leva na gente o peso do corpo, da alma, das tristezas arraigadas no sangue, o sangue que corre apressado pelas veias, carrega o alimento do corpo, da alma, que vai e volta e nunca descansa e ainda acalma o palpitar agitado do coração, o coração que leva a gente vida afora, alma adentro, a gente que vai seguindo a linha do tempo no reverso da medalha, da moeda, cara ou coroa, do convés à proa, não importa se é possível trocar de lado, olhar ao largo, estender a mão, gritar de indignação, andar na contramão, o que interessa é atingir o alvo, sentir-se a salvo, alcançar o topo, fazer um tipo, somar mais pontos ao fim do jogo... Qual é, afinal, o nosso jogo?
Tudo é sempre assim - quase que num 'pra sempre' tão incoerente. Então é mesmo assim: esquece o vento, o galho, a folha, o fruto. Nenhuma semente te fez de gente se lá no fundo não houve o grito para o despertar dos teus infinitos... Cairás tão triste e vazio bem fundo nos teus escuros: serás partícipe do fim do (teu) mundo...
Imagem Ilustrativa do Post: Milky Way // Foto de: Nicolas Valdes // Sem alterações
Disponível em: https://www.flickr.com/photos/vonfer/38338763384/
Licença de uso: https://creativecommons.org/publicdomain/mark/2.0/