MARIA DA PENHA

20/03/2024

Coluna Direito e Arte / Coordenadora Taysa Matos

Por duas vezes

Homicídio tentado

19 anos e 6 meses

Para ver o agressor condenado

 

29/05/1983, era madrugada

Um estouro no quarto lhe acordou

Pensou, muito assustada:

"Meu marido me matou."

 

No chão da cozinha

O homem estava sentado

Falsa versão ele já tinha

Mentiu ter sido assaltado

 

Pijama rasgado

No pescoço uma corda

Tudo forjado

Uma grande manobra

 

Brutalidade, com certeza

Passou por cirurgias

Nos hospitais de Fortaleza

Maria da Penha e suas agonias

 

Com as filhas preocupadas

Para Deus rezava

Três crianças não criadas

Que fosse morrer ela pensava

 

Meses de resistência

Uma luta para sobreviver

Enorme violência

Na cadeira de rodas viveria

 

Sem poder andar

Para casa retornou

O marido tentou lhe matar

O chuveiro elétrico ele usou

 

Veio o interrogatório

Da Secretaria de Segurança

Tudo muito contraditório

Insegurança, insegurança...

 

O crime ele não confessou

A tentativa ficou comprovada

De violência ele usou

Maria da Penha foi maltratada

 

Luta demorada

Que a lei venha

Ela então foi promulgada

Lei Maria da Penha

 

Rígida educação

Infância em Fortaleza

Colégio de freira era sua colocação

Algumas incertezas

 

Pela avó incentivada

Farmacêutica foi ser

Muito apaixonada

Aos 19 anos, com rapaz foi viver

 

Casou-se

Homem ciumento

Separou-se

Acabou o relacionamento

 

Após a separação

Estudos a vista

Uma pós-graduação

Na capital paulista

 

Seu futuro marido

Ela conheceu

Seriam dias sofridos

Porém, ela não percebeu

 

Solícito e prestativo

Quem diria

Por todos os motivos

Achou ter ganho na loteria

 

O casamento de Maria

Com Marco Antônio

Seguiu bem, até o crescimento das filhas

Logo depois surgiram os demônios

 

Agressivo comportamento

Maus-tratos às crianças

Muitos sofrimentos

Terríveis lembranças

 

Sem delegacia da mulher no país

A dor só aumentava

Maria da Penha nos diz

O quanto isso lhe incomodava

 

Violência psicológica

Grande sofrimento

Agressão física

Crianças e seus ferimentos

 

A saída era a separação

Mas havia o medo da morte

Sem solução

Melhor era contar com a sorte

 

Por outras mulheres lutou

Esta era sua vida

Maria da Penha transformou

Vidas menos sofridas

 

Muito rezava

Para viva continuar

Suas filhas ela amava

Nunca iria lhes abandonar

 

A justiça brasileira

Seu papel não cumpriu

Luta traiçoeira

Da prisão Marco saiu

 

A OEA condenou o Brasil

Por negligência e omissão

Maria não desistiu

Foi demorada a punição

 

Conhecido internacionalmente

O caso ficou

Seu livro publicamente

Tudo relatou

 

"Sobrevivi...Posso Contar"

Foi o livro publicado

Onde ela pôde relatar

Os maus-tratos, por Marco, praticados

 

OEA apoiando

Marco Antônio foi condenado

Maria da Penha vivenciando

Aquilo que havia lutado

 

Dez anos de reclusão

Em mil novecentos e noventa e seis

Porém, a prisão

Veio apenas em dois mil e dois

 

Um terço da pena ele cumpriu

Depois, regime semiaberto

Uma pena pequena

Isto não é certo

Longa batalha

Um marco histórico aconteceu

Jogar a toalha

Maria da Penha não prometeu

 

Um ano marcou

Em 2006, alegria plena

O Presidente Lula sancionou

A lei 11.340, a lei Maria da Penha

 

Dois encontros

Duas ocasiões

Nos julgamentos do monstro

Que causou tantas lesões

 

No movimento feminista

Maria da Penha se fortaleceu

Foi uma bela conquista

Ela nunca esmoreceu

Uma das três melhores do mundo

Assim a lei é conhecida

Sentimento bom, profundo

Ter as mulheres protegidas

 

As falhas existentes

Não são culpa da lei

Mas de um machismo delinquente

Ou seja, fora da lei

 

É preciso políticas para apoiar

As vítimas da violência

E também orientar

Estas inconsequências

 

Delegacias da mulher

24 horas por dia

Assim vamos defender

A mulher dia após dia

 

A luta não ficou de lado

Há uma continuação

Maria da Penha tem lutado

Por todas as mulheres da nação.

 

Imagem Ilustrativa do Post: 20170521_kodakpny135_002 // Foto de: Anthony Hughes // Sem alterações

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