Coluna Direito e Arte / Coordenadora Taysa Matos
Haverá um tempo em que eu não mais estarei aqui
Restará o meu olhar
Aquele que embebido em águas correntes lancei despercebidamente ao mundo
Silente de mim, ausente de um nós, crente na força ainda latente
Haverá um tempo em que eu não estarei mais aqui
Meu toque continuará sendo sentido
Preso a alma, agarrado na palma, tatuado no rosto de quem ainda me ama
Serei liberta e minhas asas a punho estarão abertas, sem nenhuma enselma
Haverá um dia em que não estarei mais aqui
E ainda assim, permanecerei
Na ponta vermelha de um nariz, como alguém que não se prestou a ser atriz
Uma vida solta, a sorver do gosto de estar sempre por um triz
Haverá um dia em que não estarei mais aqui
E tudo se resumirá a uma viagem
Com as duas passagens compradas: ida e volta, eterna saudade
Uma escolha: verticalizar abruptamente desde a origem até a eternidade
Haverá um dia em que não estarei mais aqui
E só assim estaremos, eu e você, e todos nós, absortos do que poderia ter sido
Engolindo o amargo sabor de “ses” e arrependimentos tardios
Destes, ouço desviar-me, entregue à queda, amante da aventura do percurso
Me imaginando imensidão, infinito, sem som, sem cor, sem fim!
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