Coluna Direito e Arte / Coordenador Taysa Matos
As habilidades socioemocionais são um conjunto de aptidões desenvolvidas a partir da Inteligência Emocional de cada uma das pessoas. Tais habilidades apontam para a relação consigo mesmo (intrapessoal) e para a relação com outras pessoas (interpessoal).
Estudos comprovam que as habilidades socioemocionais ajudam crianças e adultos a adquirirem competências como resiliência, confiança e pensamento crítico. Essas habilidades seguramente são capazes de auxiliar no mercado de trabalho, pois permitem trazer um diferencial competitivo: a atenção plena, a criatividade, a coragem, a comunicação, a ética, a colaboração, o pensamento crítico, a curiosidade, a disciplina, a resiliência, a liderança.
Estamos enfrentando no momento atual os reflexos de uma pandemia de proporção gigantesca, que nos mostra o quão importante é a capacidade de nos adaptar, encontrando formas de sobrevivência em meio ao caos. Todos os empregadores viram-se diante do dever legal de tentar conter a pandemia, praticando atos que evitem o contágio e a expansão do vírus. A medida não é só de higiene e medicina de trabalho, mas também de solidariedade, de colaboração com a coletividade, de interesse público e de civilização. Diante deste cenário, inúmeras adaptações foram e estão sendo feitas.
Se pensarmos nas constantes e rápidas mudanças no mercado de trabalho, a necessidade de adaptação é infinitamente mais dinâmica do que a legislação e a flexibilização das normas trabalhistas que temos até o momento. Os novos ofícios que estão surgindo e o ritmo desenfreado das mudanças exigem postura cada vez mais adaptável e conduta resiliente.
As empresas têm procurado cada vez mais profissionais que saibam se comportar diante de situações críticas e complexas que exijam equilíbrio e saúde emocional. É importante ficar claro que, as mudanças não devem comprometer nossos princípios, valores éticos e muito menos nossa humanidade. Ao contrário, a flexibilidade deve nos permitir reavaliar condutas e pensamentos, que possam ser facilitadoras da adaptação necessária para uma nova situação, momento ou descoberta.
A preocupação com a saúde emocional e com o desenvolvimento da inteligência socioemocional tem sido um assunto recorrente no Judiciário, mas falta efetividade. Desconheço leis ou projetos de leis que tratem de forma aprofundada sobre o tema.
Seria muito bom se tivéssemos uma lei que pudesse dar incentivos fiscais às empresas que passarem a adotar treinamentos relacionados à inteligência socioemocional, ministrados por profissionais capacitados e experientes no assunto. A legislação também poderia dispor sobre procedimentos de orientação pelos órgãos competentes, captação de recursos para a implantação dos programas, transparência, etc.
Outro ponto importante seria capacitar trabalhadores que estão à margem da sociedade, resgatando a autoestima dos mesmos, capacitando-os a se reinventarem e serem criativos, a fim de que possam ter condições de encontrarem seu espaço no mercado de trabalho. Projetos sociais com este tema seriam de grande valia.
O artigo 7º de nossa Constitucional prevê uma série de direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social. Melhorar a condição social de um trabalhador também é capacitá-lo do ponto de vista socioemocional, pois assim terá melhores condições de encontrar o seu espaço no mercado de trabalho, aprendendo a lidar com situações críticas ou inesperadas. Essa é uma grande missão, que certamente surtirá bons efeitos a médio e longo prazo.
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