Coluna Direito e Arte / Coordenadora Taysa Matos
Eram cáquis e margaridas
Os presentes da conquista
Serenata, poesia e canção
Para enganar aquele sincero coração
Tem amor que é embuste
Às vezes, demora-se para enxergar
Dá tempo até de criança chegar
Uma mãe nascer
Dos filhos, sozinha cuidar
E querer, para sempre, os amar
Nasceu alegre e azulzinho numa sexta à tarde
Para brindar a força das mulheres
No dia das bruxas
Tempo depois é que descobriria o malabarismo em seus pés
Cada ano, uma vitória
Nos álbuns, tantas recordações
De momentos especiais na luta diária
Ela logo chegou
Poesia da vida
Alegria da primavera
Flor do meu jardim
Cor e riso
Fantasia real
Continuação das ancestrais
Onde estiverem
Quero estar em seus caminhos
Por saber o que era o amor, sorriu ao entardecer da vida
Joias preciosas
Amadas e amorosas
À espera do dia 09
Para fechar mais um ciclo
Mais uma dezena
Para comemorar
Mais dias para sonhar
E acreditar
Que tudo já foi
E que tudo ficará
O dia amanhece
Os passarinhos voltam a cantar
O sol a luzir
O mar a vibrar
A política a doer
Atrás do dinheiro correr
Não adoecer
Um caminho a trilhar
Ser menina, jovem, mulher, mãe
Ver o tempo passar
Não saber o que esperar
Ser avó, quem sabe?
Só o tempo dirá
Daqui a cem anos, uma semente de mim se lembrar
Com minha fotografia na mão, ao querer sua história resgatar
Vai saber que vieram as Antônias, as Marias, as Franciscas, e as Anas
Muito antes
E que o tempo vai passar de novo
Dos ventres
Novas vidas a desaguar
Nas correntezas que começaram
Nas veias abertas da cacimba poética
Das águas levadas no lombo de jumento
Nas sangrias das barragens e açudes
Antes do sertão virar mar
Que é para a força dessas mulheres
Ser lembrada
As apanhadoras de algodão
Imortalizar-se nos cactus que cuidou
As agricultoras com seus balaios na cabeça
Com as enxadas nas mãos
Cuidando de seus roçados
Alimentando uma geração
Para as outras que virão
São águas de mim
Águas que passam
Águas que ficarão
Fiz riacho no meu ser
Águas doces que escorreram pelas pernas
Toda sangria que não pode ser parada
Barragens incontíveis de sentimentos
Águas salgadas que desceram pelos olhos
A vida perdida e passada faz falta
Porque foram águas que rolaram
Que passaram e regaram tantas vidas
Imagem Ilustrativa do Post: Flor... // Foto de: Gabriel F Fontes // Sem alterações
Disponível em: https://www.flickr.com/photos/67341047@N07/6739173813
Licença de uso: https://creativecommons.org/publicdomain/mark/2.0/