Coluna Direito e Arte / Coordenadora Taysa Matos
Abri as gavetas, deixei sair fantasmas
Papéis amarelos, outros traçados
Carcomidos pelos cupins.
Olor velho de mágoas e confissões
Bilhetes aturdidos e cartas incompletas
E escritos à margem – sem nenhuma direção.
Pus a mão no fundo da gaveta sem calma para as minhas dores,
Buscando mal passado tão presente na carne,
Como se cumprisse estranha ordem.
Não é bom abrir os guardados,
Esquecidos ou trancados em algum armário;
Provar na leitura a fugitiva sensação,
Revivê-la...
Levar os risos da colombina
Ou às lágrimas do enterro.
Esses papéis me dizem do estrupício
Me caem pelos chorados de culpa,
Tecido de angústia e remorso.
Esses papéis, devo queimá-los agora,
Me falam de dívidas imperdoáveis
De dúvidas impagáveis;
Me contam de mim – não posso evitar.
Preciso fechar a cômoda,
Cerrar palavras falidas,
Deixar-me partir.
Imagem Ilustrativa do Post: Coração // Foto de: biancamentil // Sem alterações
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