DE GUAYAQUIL À MANAUS

16/06/2020

Coluna Direito e Arte / Coordenadora Taysa Matos

Corpos empilhados na porta, envoltos em caixas de papelão. Selados, lacrados, enterrados indignamente, sem homenagens, nem lembranças.

Não é um cenário de guerra, nem são vítimas da violência urbana, que assola as grandes capitais. O rival que as vitimaram vem do invisível, do imperceptível.

As realidades nossas, de Guayaquil a Manaus, nos aproxima do caos, da falta e da displicência, causada pela subestimação.

São muitos corpos, muitas vidas, mas era apenas uma "gripezinha". E foi passando os tempos, o carnaval, o verão até que a tal gripe se tornou pandemia. E tudo mudou.

O medo da dor nos paralisou.

A cada notícia chegada das UTIs, uma agonia, a de sentir dor, aquela dor que aperta e comprime os nossos pulmões.

Vemos-nos imóveis, em nossas casas, com receio da morte e da inabilidade dos nossos homens de gravata.

De Guayaquil à Manaus, hoje, a dor é a mesma: a de superlotar os hospitais e enterrar os corpos sem dignidade. Somos números diante do sistema, estatísticas que ameaçam alargar a curva de proliferação até o pico.

Nos tempos de Covid, não há diferenças acima e abaixo da Linha do Equador. A morte é a mesma para todo mundo.

 

Imagem Ilustrativa do Post: We have Time // Foto de: Karoly Czifra // Sem alterações

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