Diante dos últimos trágicos acontecimentos globais, instrumentalizados esses pelo surto pandêmico de Coronavírus (COVID-19), entende-se que a Humanidade fora convidada pela Natureza a refletir sobre seu modo de viver, de se portar, e principalmente de agir.
Nesse ecossistema que estamos inseridos, sobretudo, demonstra-se que somos apenas parte dele, e não detentores de qualquer prerrogativa que nos coloque em um escalão privilegiado de Poder sobre todos os outros seres.
Percebe-se que a nossa existência depende de uma coexistência com as demais formas de vida e até mesmo de não vida – essenciais a vida, conforme salienta Morin[1] quando destaca que: “O Homo Sapiens não deve mais tentar dominar a Terra, mas sim zelar por ela e viver nela com responsabilidade”.
A nossa irresponsabilidade comum, demonstra-se por intermédio de nossas atitudes hodiernas, refletidas inclusive por intermédio de representantes que operacionalizam a individualidade de seletos grupos na tomada de decisões e, por conseguinte, nos queixamos em razão de nossa própria atitude ampliada conforme a esfera de atuação daqueles a qual outorgamos Poder.
Indiscutível é que a Natureza nos convida a refletirmos sobre o nosso comportamento e como essa condição afeta a simbiose entre seres humanos e a Terra. Nesse caso, e durante os últimos dias, presenciamos alguns fatos que nos levam a compreensão de que o nosso modo de vida se encontrava totalmente aquém da Sustentabilidade almejada em todo o âmbito global, senão vejamos.
De acordo com o portal VISÃO[2], graças ao freio não intencional na Economia Global e na circulação de veículos, bem como de diversas outras atividades que consequentemente causam certo impacto ambiental, tivemos o efeito de limpeza dos canais dos rios de Veneza/Itália – de forma puramente natural, podendo-se inclusive ser avistado peixes novamente nadando. Da mesma forma ocorre em Cagliari, capital da Sardenha.
No mesmo sentido, a REVISTA PLANETA, em seu canal digital – disponibilizado pelo TERRA[3] - salienta que o declínio das emissões de dióxido de nitrogênio - tanto no norte da Itália, como na China – decorrem precipuamente da redução da atividade industrial, principalmente após o Primeiro-Ministro Italiano Giuseppe Conte determinar medidas como proibir reuniões públicas e viagens não essenciais.
As NAÇÕES UNIDAS[4] endossam, também, essa teoria quando afirmam que a análise da Sustentabilidade está plenamente interligada com o surto epidêmico de Coronavírus. A degradação ambiental, a não observância de normas sanitárias básicas, o absurdo mercado de animais da China, dentre outros fatores, reflete de forma crucial no contágio epidêmico de doenças.
Inclusive, a ONU[5] concorda com a teoria de que tudo está interligado, quando destaca que:
Os seres humanos e a natureza fazem parte de um sistema interconectado. A natureza fornece comida, remédios, água, ar e muitos outros benefícios que permitiram às pessoas prosperar”, disse Doreen Robinson, chefe para a Vida Selvagem no Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).
A ciência de saber que tudo está interligado nos redimensiona a se preocupar, sobretudo, com o próximo, seja ele humano, não humano, principalmente em nebulosos tempos pandêmicos vivenciados.
A Solidariedade para com nosso Planeta se resume em nos sentirmos parte dessa “Casa Comum” não dominadores insensíveis. Nessa linha de pensamento, Morin[6] destaca que:
A conscientização dessa comunidade de destino terrestre deve tornar-se o evento-chave do século XXI: devemos nos sentir solidários com este planeta, cuja vida condiciona a nossa. É preciso salvar o soldado Terra! É preciso que salvemos nossa Pachamama, nossa Terra mãe! Para nos tornarmos plenamente cidadãos da Terra, é imperativo mudar nosso modo de habitá-la!
Em tempos difíceis, necessitamos reacender a chama da Fraternidade e optar pela união de esforços em prol da coletividade, não sendo avarentos e, inclusive, não majorando preços de produtos essenciais nesse momento de calamidade a fim de obter lucro em detrimento de nossos irmãos comuns de coexistência em nossa Mãe Terra.
Considerados os impactos reflexos desse surto pandêmico – COVID-19, esse evidenciado em todo o globo terrestre, cumpre afirmar, por fim, que não se pretende defender um surto global como solução para soluções ecológicas, mas, sim, por meio do inevitável surgimento desse surto, compreende-se uma lição: necessitamos urgentemente repensar o nosso modelo de Vida - compreendendo aspectos econômicos, financeiros, sociais, ambientais - a fim de que estabeleçamos finalmente a Sustentabilidade de nossa existência em nossa Casa Comum: a Terra.
Notas e Referências
[1] MORIN, Edgar. A via para o futuro da humanidade. Tradução de Edgard de Assis Carvalho, Mariza Perassi Bosco. 2º Ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2015, p. 104.
[2] REDAÇÃO – AMBIENTE. O coronavírus ‘limpou’ os canais de Veneza – e não só. VISÃO. Disponível em: https://visao.sapo.pt/atualidade/ambiente/2020-03-18-o-coronavirus-limpou-os-canais-de-veneza-e-nao-so/?fbclid=IwAR0cxvVEOY1c3B86kyLO wihz73Ni_N6onyZBJZ_Aiuq30029Nx-vj4qc5w Acesso em: 25 Mar. 2020.
[3] REVISTA PLANETA. Coronavírus está ligado à queda de poluição do ar na Itália e na China. TERRA. Disponível em: https://www.revistaplaneta.com.br/amp/coronavirus-esta-ligado-a-queda-de-poluicao-do-ar-na-italia-e-na-china/?fbclid=IwAR1ag1AZLjkn4FT-VMUJThL00FTzKh0z08hzj6iKsf_Nr2cOe5uIumNEv60 Acesso em 25 Mar. 2020.
[4] REDAÇÃO. Surto de coronavírus é reflexo da degradação ambiental, afirma PNUMA. ONU. Disponível em: https://nacoesunidas.org/surto-de-coronavirus-e-reflexo-da-degradacao-ambiental-afirma-pnuma/?fbclid=IwAR0JQvRxfV4dbOiVMS-OHsmIr70oop26NqysYdpVbeLVBdiA8-1iRDEj_tU Acesso em: 25 Mar. 2020.
[5] REDAÇÃO. Surto de coronavírus é reflexo da degradação ambiental, afirma PNUMA. ONU. Disponível em: https://nacoesunidas.org/surto-de-coronavirus-e-reflexo-da-degradacao-ambiental-afirma-pnuma/?fbclid=IwAR0JQvRxfV4dbOiVMS-OHsmIr70oop26NqysYdpVbeLVBdiA8-1iRDEj_tU Acesso em: 25 Mar. 2020.
[6] MORIN, Edgar. A via para o futuro da humanidade. Tradução de Edgard de Assis Carvalho, Mariza Perassi Bosco. 2º Ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2015, p. 104-105.
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