A sombra da finitude, da morte próxima, em larga escala, não é nova para o ser humano. Imaginem, por exemplo, a contabilidade de milhões mortos nas grandes guerras mundiais.
Mas, a maioria de nós não viveu tal experiência, tampouco, aqueles que as testemunharam, à época, de forma geral, não tinham a noção da magnitude da ´morte em massa´ que ocorria durante essas tragédias da história recente.
Outras pestes também ceifaram milhões de vidas ao redor do mundo em vários episódios tristes da jornada do homem, mas, de igual forma, até onde se sabe, as pessoas não tinham a percepção imediata da escala global de tal devastação.
Isso porque, simplesmente, a comunicação entre os homens jamais esteve tão ágil como hoje.
Por exemplo, ao clicar no botão ´publicar´ de um post em redes sociais, sabemos que não teremos mais o menor controle sobre a quantidade de pessoas que serão ´atingidas´ por ele, pela informação lá expressa, tampouco, de como esse texto irá impactar na vida desse número indeterminado de humanos.
Logo, mesmo sem saber (ou querer), temos uma séria responsabilidade sobre o que é escrito e postado nesse inédito mecanismo de comunicação da humanidade.
Temos que nos conscientizar que, por meio das palavras postadas, por exemplo, é possível aumentar o número de mortos pelo corona vírus (ou por suicídios, em razão dos impactos psicológicos dessa fase negativa que todos vivem, de algum modo ou de outro), ou posso diminuir o número de mortos em função da luz que conseguimos trazer em túneis escuros, como feixe de esperança de que, novamente, a ´tempestade vai passar´.
Nesse sentir, estamos vivendo uma conscientização de que as antes distantes reportagens sobre mortes na TV estão muito mais próximas do que imaginamos. A enxurrada de informações sobre a onda de destruição causada por uma espécie de vida diferente da nossa é, realmente, de difícil compreensão.
Ora, fomos ensinados, desde sempre, que o ser humano está no topo da capacidade de desenvolvimento da vida, não é mesmo?
Assim, como poderia um ser microscópico ameaçar toda a nossa espécie?
Seria mais fácil acreditar na ameaça de um gigantesco meteoro, não?
Agora, de uma hora para outra, todos os humanos param, amedrontados, em razão de uma ameaça ´invisível´?
Talvez seja muita informação, amigos.
Quem sabe, não precisemos de tantas.
Numa dessa, deixemos de pensar tanto no futuro incerto.
São inquietações que certamente não superaremos facilmente.
Agora, uma certeza eu tenho: faz-se necessário a responsabilização cível, criminal e administrativa daqueles que criam, disseminam e reproduzem ´fakenews.
E o meio de assim fazer é relativamente simples, basta incluir no fluxo de responsabilidade os ´mecanismos difusores´ de tais notícias criminosas.
Sim, conforme um raciocínio econômico básico, quanto mais doer no bolso do ´mensageiro da fakenews´, maior será o seu cuidado com a qualidade da mensagem transportada.
Nesse raciocínio, quem sabe, teríamos um facebook e outras ´mega empresas do ramo´ um pouco mais preocupadas, pois responsabilizáveis, com o conteúdo que lhes trazem tanta lucratividade.
Importante lembrar que, ao postar algo nas redes, nada mais de privado ou íntimo existe em tal informação. Logo, os responsáveis pelas redes podem e devem abolir - e se responsabilizar - pelo fluxo de informações que viabiliza e que traz tantos benefícios econômicos para si.
Desse modo, o incentivo para afastar as fakenews será, teoricamente, maior do que o incentivo para postar as fakenews. Nessa mesma esteira, o incentivo para não ser omisso quanto à propagação dessas informações falsas também será maior do que aquele que hoje se observa: um faz de conta de ´políticas de uso da rede social´ que não tem quase nenhuma efetividade.
Informação é algo sério, amigos, tanto quanto a desinformação.
Desta maneira, eventualmente, caso você, ao apertar o botão ´publicar´, compartilhar informações falsas, sim, você será um criminoso.
Tenhamos mais responsabilidade, responsabilização e, obviamente, mais compaixão com a dor do próximo, pois, nos tempos atuais, como nunca antes, teremos a real noção do mal que uma pandemia de um vírus, que ainda não tem cura ou remédio, irá causar a todos e a cada um.
Imagem Ilustrativa do Post: Fake News - Person Reading Fake News Article // Foto de: Mike MacKenzie // Sem alterações
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