Coluna Direito e Arte / Coordenadora Taysa Matos
Eles não tiveram infância
Seus direitos lhes foram negados
Na margem social e na mendicância
Foram brutalmente assassinados
Dormiram na rua e na calçada
Todos eram guris
Ainda que sofriam na madrugada
Eram capazes de sorrir
Por certo sorriam
Vendendo balas e chicletes
Eles viviam
Não como crianças, mas como moleques.
Identificados
Era algo bem pior
Seus nomes esquecidos
Reconhecidos como “menó”
Nas proximidades da igreja
Sem compaixão e amargura
Experimentaram a tristeza
Era pouco ter uma vida dura
Eram brasileiros
Eram adolescentes e crianças
Fizeram da rua o seu ninho
De cada esmola a esperança
Há quem fale das drogas
Como se isso fosse a grande vilã
Não estiveram na escola
Não tiveram um amanhã
Foram exterminados
O Rio de Janeiro parou
Se passar lá na Candelária hoje
Há de ver que pouca coisa mudou
Existe uma cruz e uma marca no chão
Mas muitas crianças ainda estão na rua
Permanecem desassistidos e sem proteção
Esses, sim, experimentam a vida nua
Perambulando e sem paz
A própria sorte, vivendo em esquina
Para alguns, são seres estranhos e anormais
Mas que estão fugindo da morte, da chacina…
Imagem Ilustrativa do Post: VERSAILLES_AOUT_2015_0087.JPG // Foto de: domidoba // Sem alterações
Disponível em: https://www.flickr.com/photos/domidoba/20772824069
Licença de uso: http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/legalcode