Coluna Direito e Arte / Coordenadora Taysa Matos
Vamos aqui neste dia, fazer com muita alegria
Uma grande inauguração
Vou falar palavras bonitas, que venha com sabedoria
E do fundo do coração.
Pra falar de uma grande mulher que de Sergipe saiu
Quando sua mãe fazendeira para Bahia fugiu
Saindo em desfavor, deixando a vida tranquila
Para viver um grande amor
E para trás deixou seu marido encantado
E outra vida foi tentar com o empregado apaixonado
Chegando na Bahia a ilusão acabou
Pois D. Jovem sabida, sabendo da fulga
Seus irmãos ela catou
E sua mãe num gesto de loucura, seguindo o ditado popular:
Que a coisa pura dá gastura
Teve que uma decisão tomar
Saiu distribuindo seus filhos, de família em família
Para os outros criar
D. Jovem tadinha, ainda muito magrinha
Foi adotada por uma senhora chamada D. Nininha
Bobo quem pensou que era um gesto de amor
Era só uma forma de dar as suas filhas mimadas
Um Jovem precisada para servir de empregada
Tentando fazer a sua vida melhorar
D. Jovem conheceu um rapaz, com o nome de Reginaldo
Com quem veio se casar
Parecia até uma piada, pois agora para as cunhadas
Foi mais uma vez servir de empregada
Depois de algum tempo em São Sebastião foi morar
Numa casa que seu irmão Milton (Garapa) resolveu presentear
A felicidade deveria enfim chegar
Mas seu marido, na fraqueza, deixou o alcoolismo o dominar
E fazendo o que não deveria fazer
Pegou a pobre da Jovem e começou a bater
O maltrato foi tanto que vocês não vão acreditar
Por que um dia D. Jovem não quis levantar para sua janta colocar
Um balde de água ele encheu
E no rosto de Jovelina ele resolveu jogar
Triste gesto ele resolver fazer
Pois um homem nunca deve em sua mulher bater
Mas triste mesmo ele quem ficou
Pois a partir daquele dia, uma decisão Jovem tomou
Chamou o miserável e dele se separou
A partir daquele momento, era ela para criar
Os quatro filhos que Deus deu para ela gerar
Mas como Deus é bom e gosta da gente
Mesmo com tantos sofrimentos, pensem numa mulher contente!
Os vizinhos que presenciavam tudo, D. Jovem podia contar
Era D. Maria, Sirlene, Cristina e Delegado sempre para ajudar
Sem contar os demais, que por hora não dá para relatar
Mulher de garra e de fé, ela nunca desanimou
Sempre trabalhava e seus filhos ela sustentou
E haja roupa de ganho que D. Jovem lavou
Enfim a sorte resolveu mudar
Na Câmara de Vereadores começou a trabalhar
Por todo tempo que lá ficou, inúmeros amigos ela cultivou
Trabalhou muito, sem parar
Até que conseguiu se aposentar
Depois de tantas mágoas guardadas
De uma vida sofrida danada, a doença resolveu aparecer
E cada dia uma coisa nova, Jovem veio a piorar
Até o dia de falecer
Mas esse momento não é de tristeza e sim de alegria
Por que gozar a vida, D. Jovem sabia
Depois que o pior passou
Pense numa velha que paquerou!
Se fosse nos dias de hoje, seria baladeira
Mas no tempo dela, foi uma grande seresteira
Quando a vida melhorou, sua casa ela reformou
E deu a seus filhos uma vida de riqueza
Riqueza não de dinheiro, mas de alegria e de fartura
Por no tempo ruim não ter o que comer
Quando a vaca engordou, aí sua mesa se encheu
Dos vizinhos não esqueceu por ser uma mulher de grande coração
Sua palavra de ordem era gratidão
Então amigos para finalizar
Como aqui no beco ela adorava ficar
Para beber sua cervejinha e prosear
É que resolvemos homenagear
Agradecendo a Deus por esse momento
É que damos à D. Jovem
o nome do Beco.
Co-autora do livro Feminismos, Artes e Direito das Humanas