As boas drogas

25/10/2023

 “Pesquisa da vacina contra crack e cocaína da Universidade Federal de Minas Gerais (segundo a direita ignorante um lugar de esquerdista maconheiro) recebe meio milhão de euros de para custear estudo. O prêmio é organizado pela multinacional farmacêutica Eurofarma. A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais, do Governo de Minas (que, afirma a  esquerda “democrática”, é ilegítimo porque é fascista) contribuirá com R$ 10 milhões. A droga protegerá adultos e evitará, inclusive, que nasçam crianças viciadas em decorrências de grávidas adictas” (Jô Andrade, G1, 20out23, editado).

Ainda bem que existem esses tão malfalados laboratórios farmacêuticos (conforme a esquerda “esclarecida”, eles querem o povo doente para vender-lhes remédios) que inventam vacinas e várias outras drogas fantásticas que proporcionam tanto conforto pessoal e revolucionam os costumes, remodelando os relacionamentos sociais. Não refiro os efeitos típicos dos remédios, pois estes, quem os usa os compreende bem. Destaco as drogas como agentes indiretos – mas de radicais influências – na transformação da sociedade, do usufruir da existência e da própria natureza.

Exemplo: não faz tanto tempo, havia matança de rinocerontes, retiravam-se-lhes os chifres (pelos endurecidos) e se faziam preparos para obter ereção peniana. Abatiam-se tubarões, para se lhes sacar as barbatanas, pandas, para se lhes extrair bile, e diversos outros animais, com a mesma libidinosa finalidade. Isso tudo nunca endureceu um único pênis, embora propiciasse argumentos à imaginação, o que justificava o massacre da fauna. A chegada do Viagra ao mercado praticamente suprimiu o uso dessas poções mágicas, poupando alguns animais da extinção. A natureza agradece.

A longevidade humana cresceu. “Em Mônaco a expectativa de vida é de 87 anos; próximos, estão Hong Kong e Macau; o Japão é o mais longevo entre as potências mundiais. Seguem a lista: Liechtenstein, Suíça, Cingapura, Itália, Coreia do Sul e Espanha, de acordo com o relatório Perspectivas da População Mundial da ONU. Exceptuando-se períodos de pandemias e guerras mundiais, a expectativa de vida aumentou de forma constante no mundo nos últimos 200 anos, a partir do incremento de vacinas e antibióticos, remédios, saneamento, alimentação e condições de vida melhores” (BBC, 23fev23, editado). Todos os países são capitalistas, o que não é mérito, contudo, de qualquer capitalismo. 

Uma criança masculina nascida no Brasil, hoje, viverá até 69,6 anos de idade em média. Isso coloca os homens brasileiros em 64º lugar no ranking mundial; as meninas viverão até 6,4 anos mais em média (DadosMundias.com, set22, editado). Embora mal situados, melhoramos: “Em nosso país, a faixa etária que

mais cresce é a de 60 anos ou mais. São 20 milhões de pessoas, cerca de 10% da população. Só nos últimos 30 anos a expectativa de vida aumentou, em média, 10 anos. Por volta de 2035, haverá mais idosos do que crianças e adolescentes. Para se ter melhor ideia relativa do nosso tempo de vida, é de se saber que o de vários países é inferior a 40 anos (Isto é, 17mar10).

Entre os fatores limitantes da nossa longevidade estão as sequelas da  maior concentração de renda do mundo. A vida longa é uma conquista da humanidade, porém, se esvazia de sentido se não for igualmente desfrutada com prazer e dignidade. Mas, atenção, inexiste velhice digna e prazerosa sem drogas. “82% dos brasileiros fazem sexo semanalmente (os gregos são os campeões, com 87%). As pessoas com mais de 60 fazem sexo, em média, uma vez por semana ou a cada dez dias” (Época, 03mai10). Imagine-se o quanto o Viagra e seus similares concorrem para isso. Esses remédios estão entre os mais vendidos. A satisfação que oferecem é a mais buscada.

A pílula anticoncepcional, igualmente, progrediu os costumes. Lançada em l960, democratizou a contracepção e permitiu à mulher apossar-se da sua sexualidade e gozá-la em paz. Foi-lhe possível gerenciar a gravidez, trabalhar, ascender na carreira e livrar-se da dominação masculina. Essa liberdade propiciou o sexo como só prazer. Acabou-se o fardo da prole excessiva (6,3 filhos em 1960; 1,94 hoje, por mulher). A mulher obteve poupar-se para fruir a idade avançada, que hoje alcança e vive. Só resta um problema, e sem solução: todo contraceptivo é um (santo) pecado. Decida-se entre o céu no céu e o céu na Terra, eu diria, se não soubesse que a mulher já se decidiu.

 

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