Coluna Direito e Arte / Coordenadora Taysa Matos
Os efeitos tecidos aos fios que destinam as nossas experiências não podem ser menosprezados, eles nos embaraçam, mas, ao mesmo tempo, nos dão uma perspectiva de como continuar. Eu vi em um filme uma vez a seguinte frase: “a natureza não sabe o que é melhor. Faz coisas sem sentido nem razão. Às vezes, são flores e animais, outras vezes, é uma velha senhora que não pode sair do hospital”. C'est la vie, apesar desse sentir, a vida tem que ser assim? Nós temos mesmo que suportar tudo em nome de algo ou alguém? em nome da amizade? da família? Sempre achei c’est la vie uma frase bonita, sonora, porém conformista. Sentimentos não se conformam, eles nos confrontam. Se autoconhecer e perceber o mundo é se confrontar, e assim, acabamos por confrontar o que nos é exterior, indiretamente. Para muitos também essa frase é um pedestal para a resiliência, e não estão errados, eu não estou pondo em questão o uso que essa frase e suas significações podem transmitir as pessoas. Mas que a gente se permita refletir que a vida não é somente assim, o que Sayak Valencia (2010) denomina “gore”, é que há entranhas que explodem nesse capitalismo exacerbado entre nossos corpos. Não adianta fingir conformidade, não adianta tentar achar molduras. A racionalidade sai por molduras diferentes, saiba ser diferente quando for necessário.
Notas e referências
TRIANA, Sayak Valencia. Capitalismo gore. México: Paidós, 2010
Imagem Ilustrativa do Post: Des eaux écorchées vives, tableau imaginaire // Foto de: tableaux imaginaires // Sem alterações
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