Apaga esse sorriso da cara: estudar sem esforço para concurso, um objetivo impossível (Parte 5)

15/06/2018

“El verdadero conocimiento es saber el alcance de nuestra ignorancia”. Confucio 

  1. Insiste, recorda e estuda dia a dia

Todos conhecemos a importância de manter um ritmo constante dedicado ao estudo. Também sabemos que estudar é um exercício psicológico e mental de imenso nível cognitivo, uma atividade dirigida a desenvolver um controle esquisito e superador de nossas limitações. Requer uma atividade cerebral custosa em consumo de energia, e a energia é um recurso limitado. Não se produz de forma automática, senão que exige profundidade, motivação e determinação: pensar resulta caro.

Em contrapartida, a relevância e a atenção atribuídas à informação que se quer aprender é crucial. É bom ter informação, mas, mais importante que isso é ter conhecimento. Quer dizer: o passo de informação a conhecimento significa que conferimos significado, que damos sentido à informação e que a usamos para um propósito; ou, o que é o mesmo, que prestamos atenção e incorporamos ao conhecimento o que é útil para nossa vida. Tanto assim que quanto maiores são as exigências cognitivas derivadas da complexidade (e/ou necessidade) de aprender alguma informação, maior parece ser sua importância e dificuldade de apropriação.

 Por esse motivo, para potenciar uma boa formação e um rendimento intelectual satisfatório, o realmente decisivo não é tanto o número de horas dedicadas ao estudo, senão sua intensidade e, sobretudo, sua repetição. Todo aprendizado supõe uma repetição. Aprender de forma significativa e informada é ensaiar com o que nos interessa muitas vezes, rememorar e voltar a começar uma e outra vez. Exige não somente a inversão de um prolongado tempo, concentração deliberada e obstinada diligência, senão também a prática frequente do recordo do aprendido, fatores imprescindíveis para dominar o objeto de estudo. É impossível aprender e formar memórias de modo instantâneo ou o que só se produz uma única vez; e o ato de recordar, ademais de servir para avaliar o aprendido, serve também para seguir aprendendo.  

Só a prática intensa e a constante evocação da informação aprendida beneficia a memória de longo prazo e transforma o aprendizado em algo sólido. Se aprendemos mediante associação, memorizamos mediante a repetição. Quando centramos toda nossa atenção no que estamos aprendendo e o praticamos de forma reiterada e persistente interiorizamos os novos conhecimentos e começamos a convertê-los em familiares. A repetição contínua, elemento essencial da prática, aperfeiçoa e intensifica a memória do conhecimento correspondente. Para que nos entendamos: para recordar amanhã é necessário fazer hoje e haver feito ontem.

Assim que o segredo parece estar na atividade, porque é a falta de prática contínua o que provoca a insofrível fadiga de que muitos se lamentam. Nosso cérebro se morre de ganas por ocupar-se em ou de algo. A inatividade mental, a inconstância e a descontinuidade retardam o aprendizado e prejudicam nossa memória. Se descansamos com demasiada frequência, se deixamos de praticar ou de recordar, se apagam em série nossos neurônios, as conexões se enfraquecem e, em ocasiões, inclusive desaparecem (melhor dito: estudamos para olvidar). Quem não ocupa seu cérebro (praticando e recordando) o está atrofiando, processo que costuma ir acompanhado pela incontrolável sensação de desprazer provocada pelos desvarios de uma mente vagabunda.

Nada distinto, dito seja incidentalmente e de passagem, da sentença de Aristóteles de que “somos o que fazemos dia a dia; a excelência não é um ato, senão um hábito” que devemos praticar e aperfeiçoar incessantemente para servir a algo que cremos que vai mais além de nós mesmos. E o aprendizado, não sobra dizer, é um processo ativo e construtivo que se vai logrando progressivamente, que “cobra fuerza a medida que avanza. (Virgilio)

Nessun dorma!

Notas e Referências

Ó Membro do Ministério Público da União/MPU/MPT/Brasil (Fiscal/Public Prosecutor); Doutor (Ph.D.) Filosofía Jurídica, Moral y Política/ Universidad de Barcelona/España; Postdoctorado (Postdoctoral research) Teoría Social, Ética y Economia/ Universitat Pompeu Fabra/Barcelona/España; Mestre (LL.M.) Ciências Jurídico-civilísticas/Universidade de Coimbra/Portugal; Postdoctorado (Postdoctoral research)/Center for Evolutionary Psychology da University of California/Santa Barbara/USA; Postdoctorado (Postdoctoral research)/ Faculty of Law/CAU- Christian-Albrechts-Universität zu Kiel/Schleswig-Holstein/Deutschland; Postdoctorado (Postdoctoral research) Neurociencia Cognitiva/ Universitat de les Illes Balears-UIB/España; Especialista Direito Público/UFPa./Brasil; Profesor Colaborador Honorífico (Associate Professor) e Investigador da Universitat de les Illes Balears, Cognición y Evolución Humana / Laboratório de Sistemática Humana/ Evocog. Grupo de Cognición y Evolución humana/Unidad Asociada al IFISC (CSIC-UIB)/Instituto de Física Interdisciplinar y Sistemas Complejos/UIB/España; Independent Researcher; Criador Nacional (Harzer Roller) - C.N.: IJ-075 - Federación Ornitológica Cultural Deportiva Española F.O.C.D.E.; Cod. Federal FOCDE: 08104 (Asociación Club Canaris de Cant Catalunya, Badalona/ Socio nº 25).

 

Imagem Ilustrativa do Post: OBEC Estudos #1 - 07/04/2017 // Foto de: OBEC Bahia // Sem alterações

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