Coluna Direito e Arte / Coordenadora Taysa Matos
Sétimo dia de recolhimento. Às sextas-feiras, normalmente a casa é cuidada. Hoje me dei conta de que se foram sete sextas-feiras seguidas, sete dias e eu cuidando da casa, como se quisesse ter certeza de que o 'invisível' não entrou por aqui. Ainda não assimilei uma rotina saudável, as horas sucumbem diante do álcool gel. Limpo as coisas, os dias, os tempos, até os vãos dos pensamentos são borrifados, na tentativa quase insana de obter do universo uma carta de alforria do nefasto 'invisível'. Penso que amanhã poderei aliviar o peso das asas, quem sabe eu possa outra vez abri-las, aqui mesmo no quintal, para um tímido exercício de voo ao verbo... Não posso enferrujar a palavra. Não agora, quando tanta vida pede passagem, pede socorro, pede milagre, pede outra chance, pede a aventura de outro amanhã.
Nossa Casa-Mãe agoniza. De quantas sextas-feiras de faxina na casa, no corpo, na alma, precisará o bicho homem, para finalmente compreender que de outro jeito é urgente o viver?
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