Coluna Direito e Arte / Coordenadora Taysa Matos
A teia é tecida pelo transpassar de fios que definem sua largura, profundidade e resistência.
Sua forma expõe as finalidades dos seus objetivos.
Ela resiste, prende e limita. Fora dela não há exatidão!
Na sua coesão, se faz inabalável, na sua força, intransponível.
Porém, toda essa força não resiste a uma pequena gota de orvalho.
Esta, desapercebida, ao unir-se a teia, traz consigo a completude e leveza que esta nunca terá.
O orvalho faz morada líquida na solidez das (in)certezas.
Ao contrário da exatidão da teia, a fluidez das gotas de orvalho são disformes, não se perpetuam, são frágeis, mas, ao mesmo tempo, completas e estoicas.
Essa completude, ao se acondicionar na rigidez dos transpassados fios, produz reflexos que brilham.
São as gotas do orvalho que (des)constroem a inabalável forma e concebe o espetáculo da vida.
Vida que se (re)faz na mistura da força com a leveza, da coesão com a fragmentação, do intransponível com o ultrapassável.
É com a imperceptível gota do orvalho que a forma se deforma...
É com a diferença do real com o irreal que o brilho resplandece...
É com a soma que a competição finda...
É no desacorde do transluzir que a desproporção vira identidade...
É na mistura da teia com o orvalho que o provável e o inimaginável tornam-se palpáveis;
Que a completude do sólido com o líquido torna-se autêntica;
Que o rígido e o maleável tornam-se tangíveis;
Que o (in)definido e o aleatório tornam-se verídicos.
É no entrelaçar do inconcebível que o transpassar dos fios que tecem a teia tem seu arremate nas minúsculas gotas de orvalho!
Douglas Fischer - Procurador da República e fotógrafo por paixão!