Coluna Direito e Arte / Coordenadora Taysa Matos
Ninguém nunca ousou perguntar quais desejos têm a mulher...
Em uma sinfonia silenciosa, e absurdamente ensurdecedora, elas seguem mantendo
implícitas suas vontades outrora (e agora) renegadas/julgadas.
O uso da norma culta informa em seus dicionários que:
Desejar é verbo transitivo direto (e do gênero masculino), o qual é dado o direito de
ambicionar.
A mesma norma traduz luta como substantivo feminino. E, trata-se de uma constante na
vida de quem está proibida de ambicionar.
Portanto, a norma (o) culta não permite espaço para verbos e transitividades femininas.
Observa-se que o “desejar” quando transgride tal pressuposto traz consigo relutâncias e
questionamentos- sobre as escolhas profissionais, afetivas, pessoais e tudo que possa
ultrapassar as barreiras do que foi consolidado em insistentes hieróglifos que permanece
na (ant) modernidade.
Há silenciamento impositivo - pois o uso de tais palavras é capaz de subverter à
(des)ordem as mentes e muros que seguem firmes em desfavor do simples direito de ser.
O caminho para o desejar perpassa, ainda, a matemática do “tic tac” do relógio
biológico – afinal, pra que transgredir a ordem e dizer que há outras (pró) criações.
Há desejo implícito e constante, tal como o substantivo LUTA, para além, das
estruturas, que é o de fluir, assim como uma sinfonia leve, sem observar a norma e
apenas poder pulsar e gozar a vida.
Desejo que o pedido de licença consista apenas na poética! E assim, rogo (eu e tantas de
nós) pelo desejo de ter desejos (explícitos e respeitados)!
Imagem Ilustrativa do Post: Desire // Foto de: Jeffrey // Sem alterações
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