Coluna Práxis / Coordenadoras Juliana Lopes Ferreira e Fabiana Aldaci Lanke
Práxis é a transcrição da palavra grega que significa ação [1]. Para nós, ação embasada em estudos e metodologia de trabalho. Precisamos saber a serviço de que fazemos o que nos propomos a fazer. A teoria e a empiria apresentam uma linha de raciocínio que norteia nosso pensar e agir. Estarmos conscientes dessa linha assegura coerência entre o que se quer fazer com o que se faz - um movimento dinâmico constante.
Esse movimento integra nosso processo de reflexão crítica de forma que teoria e prática quase se confundam, considerando como ponto de partida o ser humano em devir [2], consciente da realidade que o cerca e de seu potencial transformador.
Por isso, perguntamos sempre: Para que fazemos o que fazemos? O que fazemos está a serviço de quê? E qual é nossa função no mundo? Essas provocações filosóficas nos guiam no processo de autoconhecimento, tomada de decisões e sentido para Vida [3]. Elas podem nos tirar da abstração da realidade e nos lançar em um estado de inquietação, que nos impulsiona a práticas condizentes com a nova realidade que surge, co-criada por todos nós.
Compreendemos que só existimos quando estamos em relação com o outro [4] e que aprendemos por meio dessa interação. Assim, quando nos colocamos disponíveis, desenvolvemos e aplicamos a capacidade de aprender, de transformar a realidade, intervindo e recriando a partir dela.
Portanto, aprender e ensinar estão no cotidiano e, reconhecer a existência dos sujeitos e dos objetos envolve métodos, materiais e técnicas com características diretivas e ideológicas, longe de neutralidades. Sendo diretivas, encontramos na prática de ensino-aprendizado, a politicidade.
Por isso que ao falarmos de métodos de trabalho, nossas discussões e pontos de vista vão além da prática em si. Para embasar teorica e criticamente a linha que nos conduz e entrever a ação transformadora de realidade, é de suma importância expandir a visão crítica sobre diversas áreas do saber, como filosofia, política, direito, sociedade, política pública, serviço social, dentre outras.
A visão crítica também nos servirá de base para responder as questões acima e oferecer um suporte para avaliarmos as abordagens consideradas humanísticas que, embora se revistam de novidade, são releituras do sistema de controle e submissão social.
Além disso, como coletivo (Associação Práxis Sistêmica) buscamos refletir o caráter plural e democrático nas atividades que desenvolvemos em espaços públicos e privados com práticas sistêmicas, aqui entendidas em sentido amplo: constelação familiar, dinâmica da espiral, mudanças generativas, modelo de validação humana, mediação, práticas restaurativas, comunicação não violenta, dentre outras técnicas.
Assim, finalizamos trazendo para cá a brincadeira que costumamos fazer em nosso curso de constelação e práticas sistêmicas: Em nossa coluna terá de tudo. Até constelação! Cheguem mais e sintam-se à vontade. Estreamos hoje e toda sexta-feira utilizaremos esse espaço para compartilhar e expandir ideias e práticas que nos levem a pensar criticamente e agir, considerando a solidariedade [5] como viga mestra da estrutura social emergente.
Notas e Referências
1 ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
2 DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Felix. Mil platôs. Vol. 4. São Paulo: Ed54, 1997.
3 FRANKL, Viktor. Em busca de sentido. São Paulo: Centauro, 2001.
4 BUBER, Martin. Eu e tu. São Paulo: Centauro, 2001.
5 JONAS. Hans. O princípio responsabilidade: ensaio de uma ética para a civilização tecnológica. Rio de Janeiro, Contraponto: Ed. PUC-Rio, 2006.
Imagem Ilustrativa do Post: High ceilings and a view, are students really studying at these tables? // Foto de: ocegep // Sem alterações
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