Os movimentos de esquerda sempre precisaram de lutas políticas e sociais para se desenvolverem. Temos “utopias” e delas precisamos. Elas servem para nos colocar ativos. O conformismo não combina com o pensamento de esquerda.
Quem tem sensibilidade, quem tem consciência crítica e quem se incomoda com o sofrimento alheio sempre terá a justiça social como uma meta a ser, algum dia, efetivamente alcançada. Crescemos na luta, até porque a “poesia” e os melhores valores estão conosco.
Desta forma, no momento atual, no Brasil, e até em nível mundial, uma das principais “lutas” das esquerdas deve ser a efetividade da democracia política, até mesmo como espaço de liberdade para um competente trabalho político de conscientização em prol do socialismo (reais democracias social e econômica).
O ser humano sempre traz consigo um viés autoritário e um viés libertário. Em sociedade, eles se manifestam em modelos autoritários e em modelos democráticos. O embate dialético é permanente e o pêndulo tende para um lado ou outro, tendo em vista contingências históricas.
Entretanto, os valores democráticos – ainda que se trate de uma democracia burguesa e abstrata – sempre acabam superando estes tristes episódios da civilização, cabendo às vanguardas dos movimentos populares perceber a necessidade e a oportunidade de lutarem em prol das liberdades, legalidade, solidariedade, justiça social, enfim, lutar em prol dos valores humanitários.
Deixemos para mais adiante o célebre debate entre revolução ou reformas, própria dos revolucionários e reformistas de viés marxista. Acho que tudo depende das chamadas condições objetivas sociais e de uma correta avaliação sobre a oportunidade desta ou daquela forma para chegarmos a uma necessária ruptura da cruel ordem econômica capitalista.
O importante é termos uma estratégia eficaz para chegarmos à desejada e efetiva justiça social, “sem perder a ternura, jamais” ...
Vale aqui lembrar a excelente obra do saudoso Carlos Nelson Coutinho, intitulada “A democracia como valor universal”. Trata-se de uma importante reflexão do saudoso camarada e intelectual.
Importa salientar, nada obstante, que a democracia, em qualquer de seus aspectos, é incompatível com o “governo das grandes corporações”, com o capitalismo selvagem e financeiro. Vale dizer, não há uma verdadeira democracia, ainda que burguesa, em uma sociedade dirigida, direcionada ou seriamente influenciada pelas grandes corporações.
Enfim, o Estado não pode ser a expressão política e jurídica do poder econômico. O Estado não pode aceitar que o povo seja explorado pelos que dominam o modo de produção e de circulação dos bens; bens estes que são frutos das “mãos do trabalhadores”.
Afastada que seja a “ditadura do proletariado”, não podemos aceitar a ditadura do mercado, vale dizer, do capital e do consumismo.
Em síntese, precisamos tornar claro que agora a nossa luta é pela manutenção do Estado Democrático de Direito. Mais do que isto, a luta do pensamento de esquerda é para efetividade e concretização, cada vez mais, da democracia política e do Estado de Direito. Esta é uma etapa necessária para um futuro avanço de nossas lutas populares e verdadeiramente democráticas.
Precisamos denunciar que o fascismo “não passará” e que ele importa truculência, obscurantismo, ignorância e golpismo. O fim deve ser o socialismo democrático (democracia econômica e social), entretanto, podemos gritar agora: “democratas de todo o mundo, uni-vos”.
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