A CONSCIÊNCIA CRITICA E O CONHECIMENTO NOS FAZEM VIVER MAIS INTENSAMENTE. A CULTURA É LIBERTADORA

11/12/2018

 

       Vamos tratar aqui da importância do conhecimento, mormente nos dias de hoje, onde as pessoas são infantilizadas pelo mau uso da internet (redes sociais).

       Entretanto, não basta a ciência, é preciso um outro “instrumento” também muito importante, qual seja, um nível de consciência que nos permita enxergar o que está por trás da verdade aparente. Desta forma começamos endossando a afirmação de Marx:

“Toda ciência seria supérflua se a aparência e a essência das coisas coincidissem imediatamente"

Digo eu, de outra maneira:

A consciência crítica nos permite ver o que está por trás de uma falsa realidade, que jamais é percebida pelas chamadas consciências ingênuas.

Assim, as categorias marxistas podem ser consideradas como uma verdadeira "lente de aumento" que nos habilita a ver, mais claramente, aquilo que se encontra oculto, aquilo que está por trás das aparentes verdades disseminadas pelas classes privilegiadas de uma determinada sociedade, mediante dissimulações de sua imprensa.

O método dialético materialista e as categorias marxistas são instrumentos teóricos, adequados e pertinentes, que nos habilitam a compreender melhor o que se oculta por trás da estrutura de uma sociedade dividida em classes, o que nem sempre é percebido por aqueles que têm uma consciência ingênua ou absorveram ideologia desta classe privilegiada.

Estabelecidos estes conceitos, vamos ao texto propriamente dito, que mais se parece com uma crônica improvisada !!!

       Olhando para alguns livros que comprei recentemente e que estou desejoso de ler, acabei me lembrando de um ensinamento do meu falecido pai, também chamado Afranio. 

       Meu pai era um homem de invulgar cultura geral, coisa rara nos dias de hoje. Na juventude, foi professor de história, tornando-se, depois, advogado e professor universitário. Conhecedor de botânica (cultivou orquídeas) e zoologia, fez curso de arqueologia e chegou a desenhar e pintar alguns quadros interessantes. Ao falecer, estudava os antigos povos do Egito e estava interessado pelas descobertas da física de partículas e da Astronomia. Era, como se vê, muito eclético (deixei de enumerar inúmeras aptidões e interesses deste Afranio amigo). 

       Fiz esta breve narrativa sobre o meu pai, não só para homenageá-lo, pela primeira vez aqui nesta página, mas porque foi ele quem me fez perceber que o conhecimento nos permite viver mais intensamente, viver com mais emoções.

 Ainda garoto, viajando com a família de automóvel, presenciava a euforia e entusiasmo de meu pai, quando via algumas plantas raras à beira das estradas. Não entendia o porquê desta satisfação, pois para mim era tudo “um verde só”...

       Algum tempo depois, percebi que ele “olhava e via” uma determinada planta, porque tinha o conhecimento de botânica. Ficava emocionado ao ver o raro vegetal, como alguém que, conhecendo pintura, fica emocionado ao ver um quadro de um pintor famoso.

       A cultura é libertadora, nos liberta dos preconceitos e dos grilhões da ignorância. O conhecimento nos faz viver mais intensamente, nos cria emoções que não são apreendidas e sentidas por aqueles que não puderam ou não quiseram se instruir.

A pessoa sem esta sabedoria, ao ver um homem pedindo esmola na rua, não faz qualquer reflexão mais apurada. Talvez recrimine aquela pessoa, julgando-a preguiçosa ou embusteira. O sociólogo terá uma reflexão mais sofisticada sobre o tipo de sociedade em que vivemos. O filósofo se indagará sobre a condição e a existência humana. O jurista pode pensar na falência de nossa previdência pública. O economista pode procurar as causas do desemprego e assim por adiante.  Um humanista pensaria isto tudo e procuraria ajudar aquele homem.

       Sempre procurei despertar, nos meus alunos da graduação, o interesse pela leitura, exortando-os a desligar a televisão, a deixar as novelas de lado e a criar o hábito da leitura, do debate, do crescimento intelectual. Agora, com a internet, já não ousaria fazer esta inútil advertência...

       Finalmente, para não parecer elitista, esclareço que não estou me referindo a graus de inteligência e também não estou reservando apenas aos instruídos os predicados de sabedoria e sensibilidade. O que estou querendo dizer é que o conhecimento e o desenvolvimento cultural de uma determinada pessoa a habilita, mais facilmente, a desenvolver integralmente a sua personalidade e a melhor compreender a natureza e a vida humana. Facilita, mas não é condição necessária. As exceções sempre existem, o ex-presidente Lula é um belo exemplo.

 

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