Coluna Direito e Arte / Coordenadora Taysa Matos
A nêga foi se candidatar
Não porque queria entrar
Mas para mostrar
Que nêga ali não podia sentar
Mesmo que saiba escrivinhar
A nêga não queria tomar chá
De banquetes nababescos
Ela se nega a participar
A nêga gosta é de pé no chão
Seu ofício é contestar essa branquidão
Nêga, tudo isso é imoral
Mas teu lugar não é como imortal
Tu não és estática
A nêga morre e ressuscita
Ressuscita e morre e
Conversa com o invisível sem morrer
Uma nêga dessa
Tem gente que não consegue compreender
E a nêga sorri sabendo muito mais do que as verdades daqui
Vem nêga, senta no chão
Vem para a roda de estória escutar
Escuta, nêga:
O povo te elegeu
Foi a história quem perdeu
a oportunidade de contar
que nessa tal de academia
nêga também pode entrar.
Imagem Ilustrativa do Post: Flor // Foto de: hipnopsi // Sem alterações
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