2022 - O que nos aguarda? A criança nos pontará!

22/02/2022

Coluna Direitos de Crianças, Adolescentes e Jovens / Coordenadores Assis da Costa Oliveira, Hellen Moreno, Ilana Paiva, Tabita Moreira e Josiane Petry Veronese

Urgência

A indicação de um caminho,

de um sentido que mostre

as tomadas de decisões.

O que fazer?

Como obstar tantas violências

que destroem,

maculam a infância.

Que seres humanos somos nós

que permitimos

tanta dor,

tanto descaso?

O que nos tornamos

ou permitimos

que nos tornássemos?

A aflição deveria dar espaço a alegria,

gargalhadas, brincadeiras de roda.

A angústia superada pela amorosidade,

pelo estar junto.

Por que permitimos tanta maldade?

A criança que habita em mim dói,

dói frente a tantos males,

tanta crueldade.

A ciência,

os saberes - os mais variados,

as artes - de todas as formas,

as religiões, enfim...

unâmo-nos pela causa da criança.

não há mais o que esperar.

A criança exige urgência,

urgência do e no amor.

(Josiane Rose Petry Veronese)[1]

A criança nos apontará!

Um ano novo recém iniciamos, e muitas são as expectativas de que, finalmente, a situação melhore. Estamos há mais de dois anos vivendo uma pandemia que a todos fez ver a nossa fragilidade, a nossa pequenez.

Talvez, quantos refúgios tivemos que buscar: na música, na literatura, na espiritualidade... enfim, mil maneiras, de modo a conferir um tão necessário equilíbrio.

Podemos, infelizmente, constatar que para o universo da criança e do adolescente, a pandemia revelou-se mais cruel: sem escola, sem socialização, desemprego dos pais, violência doméstica, descaso de muitos para com as vacinas obrigatórias, ou mesmo medo de deslocarem-se aos postos de saúde em razão da COVID-19, e a famigerada fome que açoitou, em especial, as classes sociais mais vulneráveis.

Uma pandemia que se apresentou terrivelmente democrática e transfronteiriça.

Período que evidenciou a importância da ciência, ou seja, o quanto é, efetivamente, imprescindível e, portanto, o investimento nela é imperioso, é portador de vida, meio de transpor a morte que chegou para tantos, avassaladora, cruel e por toda a parte.

Por outro lado, a pandemia tem suscitado um “bum” de atitudes e ações pelo bem comum, pela tão desejada fraternidade.

Modelos até então usuais, mostraram-se insuficientes. Surgiram por todo o lugar, propostas diferenciadas, modos de proteção, de efetivo cuidado.

Na minha visão, na medida em que a humanidade viola direitos, maltrata crianças e adolescentes, caminha rumo à decadência.

Agora, se passamos a prestar atenção na criança, nos seus movimentos, linguagem e olhar, tudo passa a ser diferente.

A criança com a sua real vulnerabilidade - própria enquanto ser em desenvolvimento – “cobra” de cada um - da família, da sociedade e do poder público - ações que visem a melhoria das condições de vida (em seu sentido amplo) da população infantoadolescente,  o que resulta, consequentemente, em melhoria na sociedade como um todo.

Isso se dá não somente pela concepção/jargão de que “as crianças são o nosso futuro”, também não é o “as crianças são ou agora”, bem mais do que isso! A criança somos nós, em diversas fases e etapas.

Assassine, menorise, despreze uma delas, e tudo se desfalece.

Assim, desejamos que 2022 seja um ano de muitas conquistas e, em especial, que saibamos respeitar, cuidar, proteger e dar dignidade às nossas crianças e adolescentes.

 

Notas e Referências

[1] Poema inédito da autora deste artigo.

 

 

O texto é de responsabilidade exclusiva do autor, não representando, necessariamente, a opinião ou posicionamento do Empório do Direito.

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