Coluna Direitos de Crianças, Adolescentes e Jovens / Coordenadores Assis da Costa Oliveira, Hellen Moreno, Ilana Paiva, Tabita Moreira e Josiane Petry Veronese
Urgência
A indicação de um caminho,
de um sentido que mostre
as tomadas de decisões.
O que fazer?
Como obstar tantas violências
que destroem,
maculam a infância.
Que seres humanos somos nós
que permitimos
tanta dor,
tanto descaso?
O que nos tornamos
ou permitimos
que nos tornássemos?
A aflição deveria dar espaço a alegria,
gargalhadas, brincadeiras de roda.
A angústia superada pela amorosidade,
pelo estar junto.
Por que permitimos tanta maldade?
A criança que habita em mim dói,
dói frente a tantos males,
tanta crueldade.
A ciência,
os saberes - os mais variados,
as artes - de todas as formas,
as religiões, enfim...
unâmo-nos pela causa da criança.
não há mais o que esperar.
A criança exige urgência,
urgência do e no amor.
(Josiane Rose Petry Veronese)[1]
A criança nos apontará!
Um ano novo recém iniciamos, e muitas são as expectativas de que, finalmente, a situação melhore. Estamos há mais de dois anos vivendo uma pandemia que a todos fez ver a nossa fragilidade, a nossa pequenez.
Talvez, quantos refúgios tivemos que buscar: na música, na literatura, na espiritualidade... enfim, mil maneiras, de modo a conferir um tão necessário equilíbrio.
Podemos, infelizmente, constatar que para o universo da criança e do adolescente, a pandemia revelou-se mais cruel: sem escola, sem socialização, desemprego dos pais, violência doméstica, descaso de muitos para com as vacinas obrigatórias, ou mesmo medo de deslocarem-se aos postos de saúde em razão da COVID-19, e a famigerada fome que açoitou, em especial, as classes sociais mais vulneráveis.
Uma pandemia que se apresentou terrivelmente democrática e transfronteiriça.
Período que evidenciou a importância da ciência, ou seja, o quanto é, efetivamente, imprescindível e, portanto, o investimento nela é imperioso, é portador de vida, meio de transpor a morte que chegou para tantos, avassaladora, cruel e por toda a parte.
Por outro lado, a pandemia tem suscitado um “bum” de atitudes e ações pelo bem comum, pela tão desejada fraternidade.
Modelos até então usuais, mostraram-se insuficientes. Surgiram por todo o lugar, propostas diferenciadas, modos de proteção, de efetivo cuidado.
Na minha visão, na medida em que a humanidade viola direitos, maltrata crianças e adolescentes, caminha rumo à decadência.
Agora, se passamos a prestar atenção na criança, nos seus movimentos, linguagem e olhar, tudo passa a ser diferente.
A criança com a sua real vulnerabilidade - própria enquanto ser em desenvolvimento – “cobra” de cada um - da família, da sociedade e do poder público - ações que visem a melhoria das condições de vida (em seu sentido amplo) da população infantoadolescente, o que resulta, consequentemente, em melhoria na sociedade como um todo.
Isso se dá não somente pela concepção/jargão de que “as crianças são o nosso futuro”, também não é o “as crianças são ou agora”, bem mais do que isso! A criança somos nós, em diversas fases e etapas.
Assassine, menorise, despreze uma delas, e tudo se desfalece.
Assim, desejamos que 2022 seja um ano de muitas conquistas e, em especial, que saibamos respeitar, cuidar, proteger e dar dignidade às nossas crianças e adolescentes.
Notas e Referências
[1] Poema inédito da autora deste artigo.
Imagem Ilustrativa do Post: toddler holding assorted-color Crayola lot // Foto de: Kristin Brown // Sem alterações
Disponível em: toddler holding assorted-color Crayola lot photo – Free Kid Image on Unsplash
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