Corréus, na condição de delatados, não podem questionar acordo de colaboração premiada celebrado por outras pessoas, decide STJ

09/11/2016

Por Redação- 09/11/2016

 A Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) ao julgar recurso em habeas corpus apresentado por três integrantes da cúpula da Polícia Militar do Rio de Janeiro presos preventivamente em virtude das investigações da chamada Operação Carcinoma,  entendeu que é inviável os corréus, na condição de delatados, questionar acordo de colaboração premiada celebrado por outras pessoas.

Os acusados foram delatados por um corréu na participação de suposta prática de desvio de verbas do Fundo de Saúde da Polícia, por meio de fraudes a licitações, peculato, falsidade ideológica e concussão.

A defesa pediu o trancamento da ação penal e o desentranhamento do incidente de delação premiada, sustentando que o acordo de delação deve ser declarado nulo, pois o juízo que o homologou seria “absolutamente incompetente” e que a delação premiada não poderia ser aplicada no âmbito da Justiça castrense por ausência de previsão legal no Código Penal Militar e no Código de Processo Penal Militar, constituindo prova ilegal.

Contudo, o relator, ministro Reynaldo Soares da Fonseca, afirmou que a tese da impossibilidade de obtenção de prova decorrente da delação no âmbito da Justiça Militar não foi debatida pela instância de origem. Por isso, não pode ser analisada em recurso pelo STJ, sob pena de supressão de instância.

Em relação à suposta ilicitude da homologação do acordo de colaboração premiada, o ministro explicou que, “diante da natureza de negócio jurídico processual personalíssimo, bem como por se tratar de meio de obtenção de provas, e não de efetiva prova, somente possuem legitimidade para questionar a legalidade do acordo de colaboração premiada as próprias partes que o celebraram” uma vez que o acordo gera direitos e obrigações apenas para as partes, “em nada interferindo na esfera jurídica de terceiros, ainda que referidos no relato da colaboração” e que não haveria interesse no questionamento quanto ao juízo competente para a homologação do acordo.

O ministro afirmou que aos corréus que porventura tenham sido citados na delação resta “questionar as declarações efetivamente prestadas pelo colaborador”.

Confira a íntegra do acórdão: delacao
 
Fonte: STJ
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